Especialistas temem ataques de tubarões

Antônio Assis
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Luiz Filipe Freire
Folha-PE

Entidades ligadas ao estudo e à conscientização sobre a presença de tubarões perto da costa demonstram preocupação com o desmonte de políticas que, por anos, foram peças-chave na prevenção ao ataque desses animais em praias da Região Metropolitana do Recife. Como mostrado ontem pela Folha de Pernambuco, o barco Sinuelo está à venda, praticamente acabando com as chances de retorno do Projeto de Pesquisa e Monitoramento de Tubarões (Protuba), ao qual servia em pesquisas de campo. O temor é de que novos incidentes ocorram devido à falta de acompanhamento do que acontece dentro da água. Já o Governo, a despeito de reconhecer a escassez de verbas, já avalia ideias que podem ampliar a segurança no litoral.

Por ora, a espera é pelo desenvolvimento de um protótipo de sistema de rastreamento automático de objetos a partir de imagens de câmeras situadas nas praias. A iniciativa permitiria que um alerta fosse emitido caso um banhista ultrapassasse um perímetro considerado seguro. O projeto foi vencedor de um edital da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia (Facepe) em parceria com a Secretaria de Defesa Social (SDS). O problema é que os responsáveis terão prazo de um ano e meio para elaborar os softwares, comprar equipamentos e fazer todo o trabalho. Os efeitos, portanto, não são para hoje. Em paralelo, a aposta da gestão estadual tem sido na renovação de placas de alerta sobre o risco de ataques. Serão 110 nas praias da RMR.

O presidente do Instituto Praia Segura, Sérgio Murilo Filho, considera a ação importante, mas longe de ser suficiente. “Se não temos nenhum ataque há mais de um ano, é muito mais pela consciência da população do que pelo que efetivamente tem sido feito. Tem sido um milagre. Infelizmente, vários projetos poderiam ter ido à frente, mas esbarraram na burocracia”, diz. Em 2011, o Praia Segura chegou a apresentar à SDS um projeto que previa a instalação de telas para evitar a aproximação de tubarões. Nada saiu do papel.

Bruno Pantoja, do Propesca, concorda com a necessidade de outras ações, mas acredita que uma concentração de esforços na orientação de quem frequenta as praias também pode dar resultados efetivos. “É preciso difundir o quanto os tubarões também são vítimas e mudar essa fobia, essa visão do animal como um monstro”, avalia.

Já o coordenador do Cemit, coronel Clóvis Ramalho, afirma que as ações adotadas em Pernambuco têm premissas consideradas em todo o mundo. “Em canto nenhum existe essa ideia da captura seletiva. Só aqui no Brasil. Trouxe resultado? Em princípio, sim, durante dez anos, reduzindo a incidência de ataques. Mas, em outros locais, o que predomina é a fiscalização, a observação presencial e isso temos feito.” 

Ainda conforme o coordenador, um novo projeto feito internamente já foi apresentado à SDS e está em análise. “Trata-se da fiscalização por drones”, diz.

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