Membro do COI é preso por ligação com revenda ilegal de ingressos para a Olimpíada

Antônio Assis
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Folha-PE

O presidente do Comitê Olímpico Europeu, Patrick Hickey, foi preso nesta quarta-feira (17) no Rio por ligação com a revenda ilegal de ingressos para os Jogos Olímpicos, anunciou a polícia civil.

"Os agentes cumpriram uma ordem de busca e captura contra Patrick Joseph Hickey, da Irlanda, membro do Comitê Olímpico Internacional", informou a polícia em um comunicado.

Imagens de vídeo exibidas pela imprensa local mostram Hickey abrindo a porta de um quarto de hotel, sem roupa, antes de colocar um roupão para responder às perguntas dos policiais.

Ao que parece, Hickey teve um mal-estar e foi levado de ambulância a um hospital do Rio, onde passará a noite, antes de ser interrogado, revelou o porta-voz do COI Mark Adams.

A polícia suspeita que Hickey trocou de quarto no hotel, na Barra da Tijuca, para escapar da prisão. No início, sua mulher disse que o dirigente havia saído do país, mas "encontramos algumas coisas dele no quarto: sapatos, meias e uma mala aberta", revelou Ronaldo Oliveira, diretor de investigações especiais da Polícia Civil.

"Sua credencial olímpica estava no chão, o que nos levou a crer que havia fugido para se esconder em algum lugar", acrescentou o policial.

Finalmente, Hickey foi detido em outro quarto do mesmo hotel, alugado em nome do seu filho.

O Comitê Olímpico da Irlanda, do qual Hickey é presidente, informou que ele se afastou temporariamente de todos seus cargos relacionados com o movimento olímpico.

Hickey, de 71 anos, renunciou à "presidência do Comitê Olímpico Irlandês, a sua função como membro do COI, à presidência do Comitê Olímpico Europeu e à vice-presidência da Associação de Comitês Olímpicos Nacionais", anunciou Comitê irlandês em um comunicado.

O Comitê atribuiu a "problemas de saúde" o afastamento de Hickey.

"Um passo importante"

"Hoje demos um passo importante: conseguimos fazer buscas em um hotel da Barra da Tijuca e deter um membro do COI, o presidente do Comitê Olímpico Irlandês. Com sua prisão e as outras detenções, avançaremos nas investigações", afirmou Ronaldo Oliveira em coletiva de imprensa.

A detenção do alto dirigente do COI parece estar vinculada à desarticulação de uma rede internacional de revenda ilegal de ingressos para os Jogos do Rio.

O irlandês Kevin James Mallon, diretor da empresa THG Sports, que tinha autorização para revender entradas dos Jogos de Londres-2012 e Sochi-2014, foi preso em 5 de agosto, no Rio, no dia da cerimônia de abertura dos Jogos, acusado de revenda ilegal de entradas.

A justiça também emitiu na segunda ordens de prisão contra o presidente do clube de futebol inglês Ipswich Town, Marcus Evans, e David Patrick Gilmore (Irlanda), Maarten van Os (Holanda) e Martin Studd (Inglaterra).

Os quatro são acusados de revender ilegalmente ingressos obtidos através do Comitê Olímpico Irlandês. Como não se encontram no Brasil, a Interpol receberá os pedidos de prisão, segundo a polícia carioca.

"Marcus Paul Bruce Evans é um britânico que tem mais de 50 empresas em seu nome. É multimilionário, teve cadeias de tv e é dono do clube de futebol Ipswich (da segunda divisão do futebol inglês)", explicou o delegado Aloysio Falcão, encarregado da investigação.

"Em 2012, (Evans) foi responsável pela venda de entradas oficiais dos Jogos Olímpicos de Londres, mas, em 2016, não tem autorização. Para mascarar isso, vendias os ingressos em pacotes que incluíam hotéis ou ingressos VIP, para obter maiores lucros", acrescentou.

"Mallon é um dos diretores da empresa inglesa THG, cujo presidente James Sinton foi preso em 2014 por estar envolvido na 'máfia dos ingressos' para a Copa do Mundo no Brasil", informou a polícia.

Uma intérprete da empresa THG também foi detida.

A polícia informou ainda que apreendeu 781 entradas comercializadas por valores altíssimos. A THG vendia ingressos para a cerimônia de abertura por 8.000 dólares, quando o preço mais caro oficial era de 1.300, explicou o inspetor Ricardo Barbosa em uma coletiva de imprensa.

Mallon foi detido em um hotel da Barra da Tijuca quando vendia ingressos para 20 compradores que também foram conduzidos à delegacia para prestar depoimento.

"A THG vendia lugares particulares para eventos muito procurados, como a final, do futebol, as cerimônias de abertura e de encerramento dos Jogos. Estas entradas podem ter um valor enorme. Com estes ingressos, a empresa teria ganhado 10 milhões de reais (3,15 milhões de dólares)", explicou Barbosa.

A THG foi a empresa responsável pela venda oficial de ingressos para Londres-2012, mas não estava autorizada a vender para o Rio-2016.

Durante a Copa do Mundo de 2014 no Brasil, James Sinton, ex-chefe da THG, foi preso em um hotel do Rio acusado de revender ilegalmente entradas para as partidas através de pacotes VIP.

Na ocasião, o empresário pagou uma multa e deixou rapidamente o país.

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