Zeitgeist - Daniel Leite - Folha de Pernambuco

Antônio Assis
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Zeitgeist era a palavra que o filósofo alemão Friedrich Hegel usava para descrever o “espírito do tempo”. Ele empregava este conceito para interpretar o pulso cultural e intelectual do mundo, em uma determinada época da história. 
Porque me lembrei desta palavra? Eu estava no centro do Recife, quando o ex-presidente Lula realizou o seu mais recente discurso. Na última quarta-feira. Mas aquele petista, que já carregou consigo o peso da esperança e encantou multidões, já não era mais o mesmo. E isso era evidente no seu rosto cansado. Na militância tímida. Na sua voz ainda mais rouca. Na sua idade avançada. Naquele momento, tive a sensação de que o “espírito do tempo” da política nacional, se é que podemos fazer esta analogia, ganhou outros contornos. 
Este mesmo sentimento se fez presente quando acompanhei o desenrolar da eleição para presidente da Câmara Federal, na madrugada da última quinta. Na ocasião, Rodrigo Maia (DEM), que contou com apoio de Michel Temer e representava a antiga oposição ao governo Dilma, recebeu votos do PT, que não queria a vitória de Rogério Rosso, aliado de Cunha. Mais uma prova de que os ventos já fizeram a curva e que, para as forças de esquerda, resta a urgência do recomeço. 
Mas este recomeço não pode estar somente focado na tentativa de voltar a um lugar que já se des-locou.