Do coração do PT ao coração do PMDB

Antônio Assis
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Renata Bezerra de Melo
Folha-PE

Os votos para definir se fica o presidente interino, Michel Temer, ou se volta a presidente afastada, Dilma Roussef, estão sendo contados nos dedos, em uma mão. E, se a votação do impeachment no Senado pautou a formatação do governo Temer, os áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, podem ter levado a administração do peemedebista a rever suas prioridades. Ex-ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo cuidou de inserir, na defesa de Dilma Rousseff, protocolada ontem, as gravações que expuseram a cúpula do PMDB. Em suas declarações, Cardozo grifou que os áudios deixam “claro que o impeachment ocorreu não porque há crimes”. Ontem, Michel Temer, que já viu, em duas semanas, dois ministros deixarem seus cargos em função do “efeito Sérgio Machado”, fez questão de sublinhar: “Ninguém vai interferir na Lava Jato (...) Pela enésima vez, não haverá menor possibilidade de interferência do executivo nessa matéria”. Cardozo, por sua vez, deixou o Ministério da Justiça do governo Dilma sob pressão do PT e do ex-presidente Lula, que apontavam abusos da Lava Jato, os quais, na visão de petistas, não estariam sendo coibidos pelo, então, ministro. Cardozo era visto por Lula como o responsável pelo avanço da Lava Jato sobre o coração do PT. Hoje, a Operação avança sobre o coração do PMDB. E avança rápido.