Uma relação marcada por idas e vindas

Antônio Assis
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Folha-PE

Uma história de alianças e separações. A trajetória do PMDB e PSB em Pernambuco teve como ponto de partida a relação conflituosa entre o ex-governador Miguel Arraes e o deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB). Alinhados em um mesmo campo político, as lideranças estiveram juntas até o início dos anos 90. A partir das eleições para a Prefeitura do Recife em 1992, eles passaram a disputar eleições em campos opostos. A rivalidade somente foi desfeita quando o ex-governador Eduardo Campos reatou os laços entre os partidos, 20 anos depois da separação, em mais uma disputa pelo comando da Capital.

A origem do relacionamento entre PMDB e PSB remonta à volta do ex-governador Miguel Arraes do exílio político na Argélia. Disposto a concorrer a eleição para o Governo do Estado em 1982, ele almejava o simbolismo de voltar ao Palácio do Campo das Princesas, após ter seu mandato cassado no Regime Militar. No entanto, o senador Marcos Freire foi quem disputou o pleito, sendo derrotado pelo ex-governador Roberto Magalhães. Por ser presidente estadual do PMDB na época, Jarbas Vasconcelos ficaria marcado pelo episódio na memória de Miguel Arraes.

A reaproximação entre as lideranças veio na disputa pela Prefeitura do Recife de 1985. Derrotado pelo deputado federal Sérgio Murilo na convenção do PMDB e sem espaço na sigla, Jarbas Vasconcelos se filiou ao PSB e se aliou a Arraes para sair vitorioso na disputa pela Capital. As lideranças voltaram a se unir em torno do nome de Marcos Cunha para a Prefeitura do Recife e de Miguel Arraes para o Governo do Estado, no plei­to de 1986. As diferenças voltaram a aparecer no pleito de 1990, quando Jarbas Vasconcelos, de volta para o PMDB, enfrentou Joaquim Francisco (PFL) na disputa pelo Governo do Estado. Aliados de Jarbas Vasconcelos não esconderam a insatisfação com um suposto “corpo mole” de Arraes na campanha e ter montado uma chapinha que tirou peemedebistas históricos da Câmara Federal.

O rompimento definitivo veio na campanha para o comando da Prefeitura do Recife em 1992. No meio da disputa, a indicação do neto de Arraes, Eduardo Campos, para a vice de Jarbas Vasconcelos, que foi rejeitada pelo PMDB. As siglas disputaram a eleição separadas e o peemedebista saiu vitorioso. Com o afastamento do PSB, Jarbas Vasconcelos se aproximou do antigo PFL. As agremiações disputaram juntas as eleições seguintes de 1994 até 2006.

PMDB e PSB só voltaram a se encontrar em 2012. Já de olho em um projeto presidencial, Eduardo Campos buscou se reaproximar de Jarbas Vasconcelos a fim de retomar a aliança entre as siglas que foi concretizada na eleição do prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), passando pelo pleito de 2014 e se mantém até hoje.

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