Deputados federais de Pernambuco defendem #FicaCunha

Antônio Assis
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Maioria da bancada federal de Pernambuco na Câmara dos deputados considera a delação insuficiente para derrubar Eduardo Cunha (PMDB/RJ)

Larissa Rodrigues
Diário de Pernambuco

A volta dos trabalhos na Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (03), será repleta de expectativas diante dos últimos episódios que ocorreram, sobretudo o rompimento do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), com o governo federal e as denúncias de envolvimento dele no esquema de corrupção da Petrobras, investigado na Operação Lava-Jato.

Uma das primeiras polêmicas que deve agitar o Parlamento é a tentativa de retirar o peemedebista no comando da instituição. Uma corrente puxada por dois parlamentares pernambucanos, que, apesar de terem a mesma opinião, militam em campos opostos da política. De um lado Silvio Costa (PSC), defensor contumaz do governo Dilma Rousseff (PT), que garante o fortalecimento do confronto com Eduardo Cunha neste segundo semestre. Na outra ponta, o ex-senador Jarbas Vasconcelos (PMDB), opositor histórico de Dilma. Entre eles está o restante da bancada federal do estado, que se divide em três turmas: a do #ForaCunha, #FicaCunha e #DeixaDisso.


Sílvio Costa (PSC) disse que vai ampliar o confronto com Cunha neste segundo semestre de 2015.


Dos 15 deputados federais (são 25 no total) com quem a reportagem conseguiu contato nas últimas duas semanas - esse período foi de recesso da Casa, por isso muitos estavam de viajando -, sete defendem a permanência de Cunha na presidência. Em geral, ponderam que apesar da reação “emocional” e “desproporcional” do parlamentar, depois de ter sido citado em delação premiada, somente a suspeita de ter recebido US$ 5 milhões de um empreiteiro não é suficiente para afastá-lo do cargo.

Outros três se juntam a Silvio Costa e Jarbas Vasconcelos e ressaltam: “Cunha perdeu as condições de presidir o Parlamento”. As opiniões são individuais e não refletem ainda posições partidárias. Há deputados do PSB, por exemplo, integrando a turma do #DeixaDisso e do #CunhaFica. O mesmo acontece com o PSDB. Outros três pernambucanos ficaram em cima do muro, sem polemizar o tema, engrossando o coro do #DeixaDisso.

Na torcida - Entre os pernambucanos mais entusiastas do #ForaCunha está o deputado Augusto Coutinho (Solidariedade), também opositor de Dilma. Ele defende a saída do presidente “enquanto a coisa se esclarece”. “Não é pré-julgamento, mas não podemos desprezar a grave denúncia”, observou. Por outro lado, Coutinho considera a posição de Silvio Costa incoerente. “O governo de Dilma também está atolado em denúncias e ele não defende o afastamento dela.”

Comparação - Silvio Costa classificou como desrespeito a comparação entre Cunha e Dilma. “Não dá para comparar as duas histórias. Eu sempre soube que ele (Cunha) não tinha condições de presidir a Câmara. Entre outras coisas, Cunha foi até tesoureiro de Fernando Collor. Eu defendo uma presidente digna, correta e decente”, enfatizou Costa.

Abafa o caso - Para Jarbas Vasconcelos, o primeiro semestre foi marcado pelo autoritarismo na Câmara. “Os meses de agosto e setembro serão decisivos, por mais que existam tentativas de Cunha, durante o recesso, de abafar o que houve”.

Confira os integrante de cada turma:

#ForaCunha - cinco deputados

Silvio Costa (PSC) - Sempre soube que Eduardo Cunha não tinha condições de ser presidente da Câmara. Sou oposição a ele desde seu primeiro dia de mandato. Foi importante para a governabilidade esse rompimento com o governo. Agora ele vai fazer oposição às claras, o que já fazia às escondidas.

Jarbas Vasconcelos (PMDB) - Acho que ele deve se afastar enquanto durar a investigação, para que os trabalhos na Casa ocorram com mais tranquilidade e para que o próprio presidente possa se explicar.

Augusto Coutinho (Solidariedade) - A gente não pode fazer pré-julgamento, mas não podemos desprezar a grave denúncia. Não é abdicar da presidência, mas deveria se afastar.

Betinho Gomes (PSDB) - Eduardo Cunha está extremamente fragilizado por causa das denúncias. Deveria solicitar afastamento para não contaminar o cargo e esclarecer os fatos, assim como os ministros citados.

Wolney Queiroz (PDT) - Ele perdeu as condições não por causa das denúncias, mas por sua postura desequilibrada e vingativa. Defendo a presunção da inocência. Mas a gente não pode ter um presidente na Câmara que se vinga.

#FicaCunha - sete deputados

Anderson Ferreira (PR) - Não tem porque Cunha se afastar, ele não faltou com o decoro nem foi julgado por algo que possa impedir que ele fique no cargo. O que há é uma investigação. Com Cunha na presidência vários projetos polêmicos foram colocados em pauta.

Kaio Maniçoba (PHS) - Acredito que para haver o afastamento de qualquer autoridade do cargo é preciso provas contundentes. Depois de comprovada a veracidade dos fatos, aí sim devem ser tomadas ações cabíveis.

Mendonça Filho (DEM) - Defendo por princípio e acho que deve ser aplicado a qualquer pessoa a presunção de inocência. Só a delação é muito pouco neste momento, porque assim ficaria muito fácil tirar um presidente da Câmara ou da República.

Tadeu Alencar (PSB) - Meu posicionamento, por enquanto, é individual. Mas o partido deve se reunir depois do recesso. Temos que deixar as instituições funcionarem. Não é o fato de ele estar respondendo a uma investigação que deve afastá-lo. Por outro lado, a reação dele foi imprópria e emocional, como se os instrumentos pudessem ser manejados para interesses pessoais.

Marinaldo Rosendo (PSB) - Aprecio a forma de Eduardo Cunha conduzir a Câmara pelo fato de trazer projetos importantes para a pauta, como reforma política. Acredito que está sendo positiva a gestão Cunha, por ser um presidente trabalhador e estar mostrando resultados com mais projetos votados.

Gonzaga Patriota (PSB) - Eduardo Cunha está fazendo um bom trabalho como presidente da Câmara. Só o doutor Ulysses Guimarães conseguiu avançar como ele na votação de propostas. Obviamente, se for comprovado desvio de conduta, terá que sair, não apenas da presidência, mas da Câmara.

Eduardo da Fonte (PP) - Informou por meio da assessoria que é contra a saída, mas não detalhou motivos.

#DeixaDisso - três deputados

Bruno Araújo (PSDB) - Nesses meses na presidência, ele exerce um mandato marcado pela polêmica e também por uma produção legislativa bem acima da média. Não resta dúvida que após as denúncias da Operação Lava-Jato a análise do cenário atual deve ser pautada pela cautela.

Fernando Filho (PSB) - O presidente da Câmara tem a prerrogativa de poder se defender. Não podemos fazer julgamento agora. Mas claro que ele como presidente fica numa posição mais delicada.

Jorge Côrte Real (PTB) - Preferiu não se pronunciar sobre o assunto neste momento.

A reportagem não conseguiu contato com 10 deputados:
Adalberto Cavalcanti (PTB)
Cadoca (PCdoB)
Daniel Coelho (PSDB)
Fernando Monteiro (PP)
João Fernbando Coutinho (PSB)
Luciana Santos (PCdoB)
Pastor Eurico (PSB)
Raul Jungman (PPS)
Ricardo Teobaldo (PTB)
Zeca Cavalcanti (PTB)

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