Júlia Schiaffarino
Diário de Pernambuco
A passagem do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff por Pernambuco, nesta sexta-feira (13), mostrou que o PT não vai deixar por menos os ataques do ex-aliado e pré-candidato a presidente Eduardo Campos (PSB). A paternidade de obras feitas no estado foram cobradas em público e sobraram questionamentos diretos e indiretos à prometida "novapolítica", presente nos discursos socialistas. "A nossa vitória será a nossa vingança", proferiu Lula ao encerrar um discurso inflamado durante a plenária petista.

O deputado federal João Paulo, pré-candidato ao Senado, que também discursou, chegou a alfinetar afirmando que, apesar de saber que Lula gostava de Campos, desconfiava que o socialista "não gosta da gente, nem gosta do senhor, nem gosta do PT". Em seguida acrescentou: "É inadmissível que depois de três meses que o PSB saiu do governo ela (Dilma) era a deusa do céu e virou uma peça que destruiu o Brasil". Nesse momento a militância brandou contra Campos chamando-o de "traidor".
Dilma Rousseff foi mais contida no discurso da plenária do PT. Ainda assim atacou os adversários e afirmou que "esta é a nova política". Eles agora mudaram um pouco o discurso, dizem que vão fazer tudo o que nós fizemos", afirmou. Durante o dia a presidente fez outros dois discursos, estes em agendas administrativas. No primeiro deles, na inauguração da Via Mangue, afirmou que a obra só foi possível devido a investimentos do governo federal, a quem chamou de "atacante maior". "Ele (a União) colocou muito dinheiro. Não foi pouco, não."
A frase foi dita em frente ao prefeito Geraldo Julio (PSB) que minutos antes havia provocado a presidente ao dizer que "a obra era paga pelo povo". A inauguração da via expressa estava prevista para ocorrer no final do mês passado, mas foi adiada após a presidente divulgar agenda no estado, na qual participaria do evento. A Prefeitura do Recife procurou desmentir versões que davam conta que o cacelamento seria para evitar palanques para a petista.
Lula homenageou Dilma com uma flor branca em resposta às vaias que presidente levou na estreia da Copa do Mundo. Foto: RobertoRamos/DP/D.A Press
Dilma Rousseff participou ainda de outras duas agendas administrativas durante esta sexta-feira. Ela visitou o Terminal Cosme e Damião, que começa a funcionar neste sábado (14), e participou de uma formatura de 1.300 alunos Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), quando falou dos investimentos do governo federal na educação profissionalizante. O programa é um dos principais pontos da propaganda petista para a campanha eleitoral.
O senador Armando Monteiro Neto (PTB) acompanhou a presidente durante todo o dia e esteve no Encontro Estadual do PT ao lado do ex-presidente Lula, que o apresentou como o candidato do partido para o governo de Pernambuco. Tanto Lula quanto Dilma procuraram desconstruir o discurso socialista, associando o senador ao "patronado". "Quando eu fui presidente, é preciso fazer justiça, esse homem era presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e ele, que alguns estão querendo dizer que é patrão, sempre prezou pela população", declarou Lula na plenária.
No fim da noite, os petistas participaram de um jantar na casa do senador. Estiveram presentes, além de Dilma e Lula, deputados da base de Armando Monteiro, lideranças partidárias da coligação em Pernambuco e os pais do petebista. A presidente passou cerca de meia-hora na residência do senador, em Boa Viagem, e foi para o aeroporto, de onde seguiu para Brasília. Lula permaneceu pelo resto da noite.