Maíra Baracho
Diário de Pernambuco

O gesto inspirou colegas da escola, familiares e amigas da adolescente, que aderiram à ideia e resolveram mudar o visual por uma boa causa. Descobrir que a solidariedade pode existir em pequenas ações foi o que fez Marcela querer fazer sua parte. “Percebi que podia ajudar essas pessoas independentemente de dinheiro, com um simples gesto, como cortar o cabelo”, disse Marcela, que contou ainda estar surpresa com a repercussão do seu ato.
“Quando cortei o cabelo compartilhei a foto numa rede social, falando sobre a doação e muitas pessoas, até de outros colégios, começaram a me procurar, comentar minha atitude e muitas aderiram à campanha” conta, feliz. A primeira a se entusiasmar com a ideia de Marcela foi Yasmin Pires, 15 anos. “Vi a postagem de Marcela e no dia seguinte cortei 30cm do meu cabelo, que chegava na bunda. Também postei no meu perfil e o resultado me deixou impressionada. Gente que conheço em João Pessoa resolveu cortar também e isso me deixou muito feliz”, conta.
Para outra amiga das meninas que também cortou os fios em prol da solidariedade, Laís Torres, 16 anos, a popularidade de Marcela contribuiu com a repercussão. “Ela conhece muita gente, tem muitos amigos, inclusive em outras escolas, isso ajudou porque muita gente viu a postagem”, acredita a adolescente. Rayana Burgos, 15 anos, também estuda com Marcela e não vê a hora de cortar as madeixas e entrar no movimento iniciado pela amiga. “Todas as minhas amigas cortaram e me animei também. A gente acha que só pode ajudar com dinheiro, mas sempre tem uma forma de colaborar”, se anima.
Os cabelos das meninas serão entregues ao Núcleo de Apoio à Criança com Câncer (NACC).
Segundo o vice-diretor presidente da instituição, Hélio Monteiro, as doações fazem diferença no tratamento de quem recebe. “Perder o cabelo mexe muito com as pessoas, principalmente com as adolescentes. As doações contribuem com a recuperação e fortalecem o emocional dessas meninas, o que favorece a superação do câncer”. Em tratamento há 17 anos, Maria Edielma, 33 anos, já teve oito recaída da doença e perdeu o cabelo várias vezes. Ela acredita que as doações são contribuições preciosas para sua batalha. “A gente fica constrangida quando o cabelo cai, é difícil se olhar no espelho e olhar para as pessoas e receber as doações faz com que a gente se sinta muito melhor”, conta.
O vice-diretor presidente do NACC pondera, no entanto, a dificuldade em firmar parcerias para a confecção das perucas. “Esse é o nosso grande problema. Seguimos com uma luta diária para encontrar esse parceiro, mesmo que não seja gratuito, mas que seja um valor mais acessível”, explica. Para as doações ao NACC, o cabelo precisa ter no mínimo 10cm e não ter nenhuma química.
Existem muitas formas de ajudar e doar os cabelos para a confecção de perucas. Além do NACC, iniciativas particulares têm movimentado uma verdadeira onda de solidariedade. Na semana passada a ONG Farol 52 arrecadou mechas para o Hospital do Câncer de Pernambuco. Neste domingo é a vez de um grupo de amigas se encontrarem para recolher as doações, que também serão encaminhadas ao HCP. Quem quiser doar pode comparecer ao apartamento de uma das voluntárias às 10h, na Estrada de Belém, na Encruzilhada.
Serviço
Núcleo de Apoio à Criança com Câncer
Rua do Futuro, 855 - Graças
Fone: 3267-9200
Recolhimento de doações
Domingo, 10h
Estrada de Belém, 272, apt 601 - Encruzilhada
Fone: 9556 - 7161