Andrei Meireles
Época
Acemilton Gonçalves da Silva não precisa bater ponto, mas é um
trabalhador pontual. Todo dia, por volta das 8 da manhã, dá início a sua
exaustiva jornada de trabalho. Acemilton é jardineiro, mas, se preciso,
quebra uma como encanador e eletricista. Ele detém uma das funções mais
delicadas da República: manter a boa aparência dos célebres e
exuberantes jardins da Casa da Dinda, residência da família Collor de
Mello desde a década de 1960 e atual morada do senador Fernando Collor
(PTB-AL) em Brasília. São jardins inesquecíveis – especialmente para os
contribuintes. Durante o curto período de Collor na Presidência da
República, entre 1990 e 1992, os jardins da Dinda receberam cascatas e
lagos artificiais. A obra foi calculada na ocasião em cerca de US$ 2,5
milhões. Dinheiro não era problema naquele tempo. Os recursos haviam
sido fornecidos pelo ex-tesoureiro de campanha de Collor, Paulo César
Farias, o PC, que os arrecadara com empresários que dependiam do
governo. As fotos do local entraram para a história como um dos indícios
de corrupção que, meses depois, derrubariam Collor.