O jogo que a Seleção Precisava

Antônio Assis
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Gustavo Paes
Folha-PE

Leveza! Que se traduziu em dribles, gols e dancinhas em profusão. Os meninos do Brasil recuperaram seu rosto. Não pareciam carregar mais o peso da derrota olímpica. Muito menos tinham as feições sisudas do “pós-vaia” no Morumbi. Eram moleques de 20 e poucos anos, divertindo-se na noite de ontem, no Estádio do Arruda. A China, adversário da ocasião, pouco conta: a equipe asiática existiu apenas até os 20 minutos da etapa inicial.

O placar do amistoso foi 8x0. O quanto a vitória no Recife diante do frágil adversário refletirá positivamente no futuro da Seleção é impossível saber. Mas os ingredientes foram saborosos. As comemorações dos oito gols tiveram um objetivo: uma saudação efusiva às arquibancadas. Eles queriam carinho, para recuperar a alegria de vestir a camisa amarela. Receberam. E pagaram a dívida com uma sacola de gols. O único ponto inquestionável da atual Seleção Brasileira é a velocidade. Ramires, Oscar, Neymar e Hulk esbanjam agilidade na movimentação. Foi nessa característica que o Brasil baseou a sua forma de ataque. Por vezes, errando por precipitação, mas não o suficiente para tirar a paciência da torcida pernambucana, que valorizou o empenho dos atletas.

Dos 20 aos 30 minutos, a Seleção teve seu pico de rendimento na primeira etapa. O volante Ramires, com pouco trabalho na marcação, se lançou ao ataque com seu arranque característico, tabelou com Oscar e saiu na cara do goleiro Zeng. Um toque de classe bastou para encobrir o arqueiro chinês e inaugurar o placar no Arruda.

Depois foi a vez de Hulk mostrar que também poderia brincar de velocista com jamaicanos. Além da explosão, sobrou clareza de raciocínio para o atacante acionar Oscar, que, como excelente garçom que é, deixou Neymar em perfeitas condições para ampliar o marcador: 2x0 Brasil, aos 25 minutos.

Na etapa final, foi possível perceber uma Seleção com linhas ainda mais compactadas. Não bastava a vitória contra a China. Era preciso lavar as almas atormentadas com os tropeços. E os gols foram surgindo com naturalidade. Hulk, nome do jogo ao lado do craque santista, deu passe para Lucas ampliar. Depois, aproveitou o rebote para marcar o seu merecido gol, para delírio dos torcedores, no qual conseguiu despertar um carinho especial no Recife. Na comemoração, camisa com homenagem ao Nordeste e à sua terra natal, a Paraíba. Nada mais justo e bem colocado.

Neymar marcou mais um gol, já com cara de treinamento, após passe de Marcelo. Tudo isso antes dos dez minutos da etapa final. Daí por diante teve de tudo. Até o zagueiro chinês Liu Jianye parecia querer entrar na festa e acabou marcando um tento contra. Para finalizar, Oscar, que também realizou uma partida de bom nível, fez o seu em cobrança de penalidade.

Após o apito final, a necessária troca de energias entre a Seleção Brasileira e a torcida pernambucana. Uma despedida entre Brasil e Arruda. Ninguém sabe se o estádio realmente é capaz de fazer milagres em uma trajetória visando à Copa do Mundo, assim como foi em 1993. Mas a sensação deixada foi realmente boa. Que Mano e seus comandados saibam aproveitar os bons fluídos.

Homenagem
No intervalo da partida, o presidente do Grupo EQM, Eduardo Monteiro, recebeu uma placa da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Nela, a entidade prestou “uma merecida homenagem à imprensa esportiva pernambucana, através da pessoa de Eduardo Monteiro”. O texto ainda res­salta que a Folha de Pernambuco detém, hoje, “40% dos leitores do Estado - um número em torno de 400 mil pessoas, da classe E à classe A”. Para completar, destaca que “o jornal impresso foi o percursor do sistema de comunicação do Grupo EQM, ao qual pertencem também a Rádio Folha FM 96,7 e o Portal FolhaPE”. Também foram home­na­gea­dos, ontem, Iranildo Silva, presidente da Associação dos Cronistas Deportivos de Pernambu­co (ACDP), o ex-senador Ney Maranhão, um dos pioneiros no estreitamento das relações diplomáticas entre Brasil e China, e o artista plástico pernambucano Romero Britto, um dos embaixadores da Fifa da Copa do Mundo de 2014.

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