Aprendi que em política existe lado, mas o governador Eduardo Campos (PSB) é uma exceção à regra no cumprimento do que apregoou Agamenon Magalhães. Mesmo sem botar a cara, os principais segmentos formadores de opinião sabem que ele está apoiando a candidatura do secretário Maurício Rands nas prévias do PT.
Não recordo Agamenon, político que tinha lado, por acaso. Vamos aos fatos: em 1990, quando disputou pela primeira vez um mandato eletivo (deputado estadual), Eduardo não contou com o apoio de Rands, que ainda advogado militante, se abraçou com a candidatura de Humberto Costa.
Em 1992, candidato a prefeito do Recife, Eduardo não contou com Rands em seu palanque, que preferiu Humberto, mais uma vez. Já em 1994, ano em que Eduardo disputou um mandato de deputado federal pela primeira vez, Rands apoiou, novamente, Humberto.
Mais na frente, em 1998, na pior fase de Eduardo em razão do escândalo dos precatórios, Rands se lançou federal, fez uma campanha caríssima para ter mais votos que Eduardo e conseguiu: 105 mil votos contra 69 mil votos.
Já em 2006, quando disputou o Governo do Estado, Eduardo não contou com Rands, que apoiou Humberto. No segundo turno, com Eduardo na disputa no lugar de Humberto, Rands teve uma participação discreta.
E, para completar, na campanha da reeleição de Eduardo, em 2010, o Rands sequer deu as caras na convenção do PSB. Reeleito deputado, em 2011, Rands caiu em depressão por não ter contado com o apoio de Humberto para virar ministro de Dilma.
Mas contou com o ombro acolhedor de Eduardo para derramar as lágrimas, que o fez secretário de Governo. A conclusão, portanto, é que governador pode estar criando uma cobra no quintal.
Magno Martins