O Risco da Falência das Instituições

Antônio Assis
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Carlos Chagas

                                                   Abafar a CPI do Cachoeira, quer dizer, não constituí-la, significaria revogar o Congresso. Deitá-lo ao mar como carga supérflua.   Adiar sua instalação, quase isso. Pois é o que parece acontecer, esta semana, com base em argumentos  descabidos.
                                                        Primeiro, de que José Sarney sofreu uma crise coronariana, precisa ficar no hospital e não há prazo para sua  volta a Brasília a fim de  formalizar a CPI. Ora, com todo o respeito, o presidente do Congresso não é insubstituível. A deputada Rose de Freitas é a primeira vice-presidente das sessões conjuntas entre deputados e senadores. Acresce que a senadora Marta Suplicy  é vice-presidente do Senado. Ambas podem substituir o presidente.
                                                        Outra alegação  protelatória refere-se à  coleta de assinaturas para  a  constituição da CPI.  Na última quinta-feira,   os líderes dos partidos davam como alcançado  número mais do que suficiente, bastando aguardar a chegada de Suas Excelências a Brasília, esta semana.  Chegar, chegaram, mas parece que as instruções mudaram. Nem  27 senadores, até ontem, assinaram, entre 81. E na Câmara, sendo necessários 127 deputados, sobre 513, só 75 se comprometeram. Por que essa hesitação  súbita?
                                                        Porque correu a informação de que  Dilma Rousseff teria se manifestado contra a CPI, mesmo  sustentando  opinião diversa   do ex-presidente Lula. Será essa a razão principal de haver arrefecido o ímpeto pela criação da CPI.  É a presidente  que tem a caneta, raciocinam os integrantes da base parlamentar oficial.
                                                        Salvo nova contramarcha, não há certeza de nada. Cada partido pretende criar problemas para os adversários e até para  os aliados,  poupando seus correligionários na hora de selecionar e crucificar  os depoentes. Inventaram  a fantasiosa história de que a CPI do Cachoeira destruiria o julgamento dos réus do mensalão, raciocínio do presidente do PT, Rui Falcão, favorável.
                                                        Em suma, o dia seguinte sempre parece começar  um pouquinho pior do que a véspera. Caso nem a CPI do Cachoeira se instale, nem o Supremo venha a julgar o mensalão neste semestre ou neste ano, a conclusão será da  falência  de nossas instituições. 
  

BRINCADEIRA TEM HORA

                                                        Em sua meteórica passagem pelo Brasil, a Secretária de Estado, Hillary Clinton, voltou a propor um acordo de livre comércio entre os Estados Unidos e nosso país. Nada de barreiras alfandegárias, muito  menos subsídios ou protecionismo aos produtos de lá e de cá.  Felizmente, nem o chanceler Antônio Patriota, nem o ministro Guido Mantega levaram a sugestão a sério. Muito menos a presidente Dilma Rousseff. O que os americanos querem é inundar o Brasil com sua produção e, na base da abominável livre concorrência, acabar de matar a indústria nacional e  estrangular nossas exportações, coisa que a China já vem fazendo. Seria  voltar atrás o relógio da História. No passado,  eram essas as regras. Hoje, nem que a vaca tussa...


NEM A DITADURA OUSOU TANTO

                                                        Vale estabelecer a premissa:  Carlinhos Cachoeira é um bandido, um corruptor sem escrúpulos que deveria ser condenado e ficar preso por décadas.
                                                        Agora, se verdadeira  a versão de ter a Justiça Federal  impedido que ele comparecesse ao enterro de sua mãe, segunda-feira, seria o caso de perguntar “que país é este?” Porque negar a um prisioneiro o direito humanitário de despedir-se de seus entes queridos soa como algo medieval. Inominável.
                                                         Dona Lindú morreu quando o Lula se encontrava preso numa delegacia paulista. Permitiram-lhe ir ao velório da mãe, mesmo acompanhado por policiais. Juscelino Kubitschek estava no exílio mas nem os generais ousaram impedir que viesse  despedir-se de dona Júlia. Veio e voltou com salvo conduto.
                                                         Não serve como argumento alegar  que Carlinhos Cachoeira estava preso em Mossoró, no Rio Grande do Norte, sendo difícil seu deslocamento até Anápolis, em Goiás. Mesmo que a Polícia Federal não possuísse aviões, e possui, milionário como é, o bandido poderia alugar um jatinho de última geração e vir do Nordeste ao Centro-Oeste em pouco tempo. Será que   um juiz impediu  a viagem?

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