Leonardo Lucena_PE247 – PT e PSB continuam sem se
entender em Pernambuco, principalmente no Recife. O Partido dos
Trabalhadores não se mostra disposto a selar a paz com o aliado
histórico até o momento. Um claro indicativo deste cenário de nervosismo
são as divergências entre as duas legendas na Câmara Municipal sobre o
Plano de Cargos, Carreiras, Desenvolvimento e Vencimentos (PCCDV) dos
Guardas Municipais. De um lado, os socialistas – que assumem a chefia do
Executivo no próximo ano - acham que o projeto tem de passar por uma
avaliação mais profunda a fim de saber o impacto financeiro para as
contas da Prefeitura. Do outro, petistas, junto com a oposição,
questionam o porquê de reavaliar a matéria.
O fato é que os petistas não deram sinais sobre permanência do
partido na Frente Popular, encabeçada pelo PSB do prefeito eleito,
Geraldo Júlio, quase dois meses depois das eleições. Mesmo após o
presidente estadual do PT, Pedro Eugênio, dizer que não há rompimento em
nível estadual, no campo municipal a relação entre ambos os partidos
não é estável como o próprio dirigente já reconheceu.
Além disso, o atual gestor da capital pernambucana, João da Costa
(PT), volta a defender a aliança, pois não sente mágoas dos socialistas,
já que a instância nacional do Partido dos Trabalhadores tirou do
prefeito o direito dele se reeleger. No primeiro semestre, cancelou-se a
primeira prévia, sob o argumento de que o clima interno estava
prejudicando a imagem do partido. Por isso, Humberto Costa foi o
candidato. De todo modo, a voz do chefe do Executivo municipal soa quase
que de forma solitária no momento.
Diante da instável relação entre PT e PSB, os embates começam a
aparecer. Na Câmara Municipal, os parlamentares Carlos Gueiros (PTB) e
Marília Arraes (PSB), por exemplo, estão à frente das discussões sobre o
PCCDV na bancada governista e dizem que o projeto é inconstitucional.
Conforme o site da Casa, a socialista, que também é presidente da
Comissão de Legislação, afirma que o relatório das consequências
financeiras do plano não foi enviada pelo atual prefeito.
Por outro lado, a vereadora e líder da oposição na Câmara, Priscila
Krause (DEM), diz que a matéria não tem segurança jurídica. “Não podemos
fazer de conta que o projeto não existe. Precisamos saber se é
compromisso dessa gestão ou se não vamos aprovar porque o próximo
prefeito não quer”, declarou.
Os petistas já disseram que, se não apoiarem o PSB no Recife,
adotarão a independência, como querem os líderes das correntes
Construindo Um Novo Brasil (CNB) e Articulação de Esquerda (AE), o
senador Humberto Costa e o vice dele no pleito deste ano, João Paulo,
respectivamente. No entanto, esta divergência na Câmara aponta para um
estreitamento com a oposição. Resta saber se esta forma de proceder do
PT será frequente em outros projetos e se o partido fará jus a uma
legenda independente.