A Hora e a Vez do Emprego Temporário

Antônio Assis
0
Em todo o país, cerca de 300 mil vagas de emprego temporário estão disponíveis no comércio varejista, segundo pesquisa divulgada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), vinculado à Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). De acordo com o estudo, 293,2 mil comerciantes (28% do total) já começaram ou deverão contratar mão de obra para suprir a demanda de fim de ano - 44% das vagas disponíveis deverão ser ocupadas só em novembro. Os salários médios de 85% dos trabalhos temporários em 2012 deverão variar entre um e dois salários mínimos (de R$ 622 a R$ 1,2 mil), mais as comissões por vendas. Apenas 1% dos comerciantes pretende pagar mais de seis salários (R$ 3,7 mil).

Dessas contratações, a expectativa é que pelo menos 80% sejam efetivados. "A taxa de efetivação é alta. Muitos varejistas aproveitam o período para fazer troca de funcionários, pois nem sempre há 100% de satisfação em relação ao quadro, com pessoas preparadas e comprometidas. Se os temporários se saem muito bem e têm interesse, as chances são grandes. O trabalho temporário é uma oportunidade de buscar novos talentos", informou o economista do SPC, Nelson Barrizzelli.
As funções mais procuradas são as de vendedor (71%), caixa (26%) e estoquista (17%), atividades relativamente simples de se exercer, que não requerem treinamento especializado, considerando o tempo limitado. Os setores em que deverá haver a maior quantidade de vagas nessas áreas são o de vestuário, calçados, tecidos, perfumaria e cosméticos. O estudo do SPC aponta que grande parte das empresas contratantes têm até 9 funcionários (55%) e mais de um estabelecimento (46%).
A dica do economista do SPC para encontrar uma vaga entre essas oportunidades é procurar diretamente a empresa e levar um currículo, com informações sobre escolaridade, experiências anteriores, justificativas para buscar a função e expectativas para o futuro. Segundo ele, os locais onde há mais facilidade para encontrar estabelecimentos interessados são os shoppings centers.
A faixa etária em que há mais perspectivas de contratação temporária é a de 18 a 24 anos (55% dos demandados) seguida pela de 25 a 34 anos (30%). Para Barrizzelli, isso se justifica pela possibilidade de manutenção do trabalhador na empresa, com perspectivas de crescimento, em cargos de supervisão e gerência.
Ter ensino médio completo é um dos requisitos mais importantes para os trabalhos temporários: 68% dos empresários querem funcionários com esse nível mínimo de escolaridade. Essa exigência, segundo Barrizzelli, é um indicativo de que o comércio varejista está cada vez mais especializado, o que demanda funcionários com mais conhecimento e quantidade de informações. Outras características identificadas pela pesquisa do SPC como fundamentais para a contratação são o comprometimento, o dinamismo e a pró-atividade.
Dos total de comerciantes que não pretendem contar com trabalhadores temporários neste fim de ano, 71% alegaram ao SPC que estão satisfeitos com a mão de obra já existente na empresa. Segundo Barrizzelli, esse é um indicativo de que as políticas de qualificação e capacitação conduzidas pelo empresariado têm surtido efeito.
Brasil está perto do pleno emprego
Oferta de empregos temporários ajuda a reduzir as taxas de desocupação no mercado de trabalho
O aumento da oferta de vagas temporárias  no comércio, neste fim de ano, começa a se refletir na queda da taxa de desemprego. A avaliação é do coordenador da Pesquisa Mensal de Emprego do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Cimar Azeredo. O índice caiu de 5,4% para 5,3% entre setembro e outubro, o menor nível para o mês desde 2002.
Segundo o economista, a queda de 0,1 ponto percentual na passagem de um mês para o outro reflete, principalmente, as novas vagas em São Paulo, região que tem peso de 42% na composição do indicador e  funciona "como um farol" para outras regiões. A tendência, explica, é que o mesmo movimento seja verificado em outras regiões, nas próximas semanas.
"Em função do trabalho temporário de final de ano, percebe-se aumento do número de pessoa trabalhando em todas as regiões do país [como em São Paulo]", disse o economista.
Em São Paulo, a taxa de desemprego caiu de 6,5% para 5,9%, enquanto no Recife cresceu de 5,7% para 6,7% - o maior aumento entre as seis regiões pesquisadas. "A queda na taxa de desocupação na região metropolitana de São Paulo mostrou um comportamento diferente do que foi observado nas outras regiões", informou.
"Em contraponto, aumenta o número de pessoas que começam a procurar trabalho", informou. Foi o que ocorreu, segundo ele, em relação ao Recife. Mais pessoas procurando emprego no período pressionam ainda mais a taxa de desocupação na região metropolitana, que perdeu 19 mil vagas entre setembro e outubro.
Segundo o IBGE, a população ocupada cresceu 0,9% entre setembro e outubro e somou 23,4 milhões de trabalhadores. Em relação a outubro de 2011, o aumento foi 3%, equivalente a 684 mil vagas. Já a população desocupada somou 1,3 milhão em outubro.
O pesquisador também chama a atenção para o crescimento menor dos empregos com carteira assinada, que se elevava a uma taxa de 7% ao ano, mas devem fechar 2012 com aumento de 3,2%, equivalente a cerca de 350 mil empregos a mais com carteira, em relação a 2011.

Brasil 247

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)