Campanha: carnaval, mídia e rua
Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Folha
Veja as retrospectivas do Carnaval na TV. Parece que tudo se resumiu aos superproduzidos desfiles de escolas de samba no Rio e em São Paulo e dos trios elétricos em Salvador. Aqui e acolá uma breve concessão às multidões reunidas nas praças e nas ruas do Recife, de Olinda, de Ouro Preto. No entanto, a verdade é que a festa contagiou milhões pelo Brasil afora, a imensa maioria em torno de pequenas agremiações, muitas delas improvisadas, que com criatividade e garra arrastaram muita gente nos bairros e vilas.
Vi isso no litoral do Rio Grande do Norte. La Ursa ainda faz muito sucesso, minha gente. Ou uma burrinha à frente de batuqueiros. É um vai-e-vem danado, um sobe e desce ladeiras intermináveis.
Bom que seja assim. Ótimo que a TV ainda não tenha destruído esse jeito simples e inventivo do povo se divertir. O que dá razão aos governos municipais – como os de Olinda e Recife – que se desdobram em ajudar blocos, caboclinhos, maracatus, troças. Eles ainda fazem a alegria do povo. E mantêm viva a nossa cultura.
Boa lição para quem se prepara para a campanha eleitoral. Sobretudo para os que contarão com parcos recursos. Oportunidade de reinventar a campanha de rua, apoiada no corpo-a-corpo, no contato direto com o eleitor, na conquista de adeptos pelas idéias e pela emoção, na mobilização criativa, alegre, boa de participar; onde se misturem com força e leveza o protesto, a proposta e a poesia.
O inverso do estilo norte-americano de campanha, que no Brasil, nas duas últimas décadas, ganha força através do uso cada vez mais sofisticado da TV (e também do rádio).
Nada contra a campanha midiática. Tudo a favor, desde que conectada com a rua. Para que os efeitos especiais cedam passagem à legítima expressão da alma do povo.
Antigamente era assim. Lembra da campanha da Frente Brasil Popular, em 1989? Tínhamos apenas cinco minutos, os adversários mais do que o dobro. Mas não tinham o encontro de Lula com as multidões, verdadeiro delírio. Fomos ao segundo turno e quase vencemos. Ganhou Collor, que mesclava demagogia com atos públicos (que a seu modo, mesmo artificial, também levava ao vídeo).
Façamos uma campanha em que o calor da rua invada o vídeo e chegue à casa de cada de cada um como argumento e apelo. Capaz de ganhar o voto e o apoio para a conquista de mais votos.
Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Folha
Veja as retrospectivas do Carnaval na TV. Parece que tudo se resumiu aos superproduzidos desfiles de escolas de samba no Rio e em São Paulo e dos trios elétricos em Salvador. Aqui e acolá uma breve concessão às multidões reunidas nas praças e nas ruas do Recife, de Olinda, de Ouro Preto. No entanto, a verdade é que a festa contagiou milhões pelo Brasil afora, a imensa maioria em torno de pequenas agremiações, muitas delas improvisadas, que com criatividade e garra arrastaram muita gente nos bairros e vilas.
Vi isso no litoral do Rio Grande do Norte. La Ursa ainda faz muito sucesso, minha gente. Ou uma burrinha à frente de batuqueiros. É um vai-e-vem danado, um sobe e desce ladeiras intermináveis.
Bom que seja assim. Ótimo que a TV ainda não tenha destruído esse jeito simples e inventivo do povo se divertir. O que dá razão aos governos municipais – como os de Olinda e Recife – que se desdobram em ajudar blocos, caboclinhos, maracatus, troças. Eles ainda fazem a alegria do povo. E mantêm viva a nossa cultura.
Boa lição para quem se prepara para a campanha eleitoral. Sobretudo para os que contarão com parcos recursos. Oportunidade de reinventar a campanha de rua, apoiada no corpo-a-corpo, no contato direto com o eleitor, na conquista de adeptos pelas idéias e pela emoção, na mobilização criativa, alegre, boa de participar; onde se misturem com força e leveza o protesto, a proposta e a poesia.
O inverso do estilo norte-americano de campanha, que no Brasil, nas duas últimas décadas, ganha força através do uso cada vez mais sofisticado da TV (e também do rádio).
Nada contra a campanha midiática. Tudo a favor, desde que conectada com a rua. Para que os efeitos especiais cedam passagem à legítima expressão da alma do povo.
Antigamente era assim. Lembra da campanha da Frente Brasil Popular, em 1989? Tínhamos apenas cinco minutos, os adversários mais do que o dobro. Mas não tinham o encontro de Lula com as multidões, verdadeiro delírio. Fomos ao segundo turno e quase vencemos. Ganhou Collor, que mesclava demagogia com atos públicos (que a seu modo, mesmo artificial, também levava ao vídeo).
Façamos uma campanha em que o calor da rua invada o vídeo e chegue à casa de cada de cada um como argumento e apelo. Capaz de ganhar o voto e o apoio para a conquista de mais votos.