Ações visam desarticular organização criminosa voltada ao tráfico internacional de pessoas.
Recife/PE – A Polícia Federal deflagrou, nas primeiras horas desta quinta-feira (04/12), a Operação Double Key 2, com o objetivo de cumprir três mandados de busca e apreensão e um mandado de medida cautelar diversa da prisão expedidos pela 13ª Vara Federal em Pernambuco. As medidas foram cumpridas em endereços comerciais e um residencial na cidade de São Paulo/SP, ligados a um dos principais investigados.
As investigações tiveram início em maio de 2025, a partir de uma denúncia recebida pelo canal "Comunica PF". A vítima, que se encontrava em cárcere privado em um complexo do KK PARK, na fronteira entre Myanmar e Tailândia, conseguiu fazer contato através desse canal e relatar a situação. A partir da notícia-crime, a Polícia Federal iniciou diligências para identificar a estrutura da organização criminosa.
Na primeira fase da investigação, foram presos dois indivíduos chineses quando regressavam ao Brasil, vindos do Camboja, além do cumprimento de medida cautelar diversa da prisão contra uma nacional e mandados de busca e apreensão em quatro endereços.
O trabalho investigativo revelou um esquema de tráfico internacional de pessoas. As vítimas eram recrutadas no Brasil com falsas promessas de trabalho bem remunerado no exterior. Contudo, ao chegarem ao destino, eram coagidas a se deslocar para uma região de conflito em Myanmar, onde eram mantidas em cativeiro, sob vigilância armada, e submetidas a condições análogas à escravidão, sem receber os valores prometidos e sob constantes ameaças.
Durante o cumprimento dos mandados judiciais, foram apreendidos dispositivos eletrônicos, como notebooks e mídias de armazenamento, além do passaporte de um terceiro cidadão chinês envolvido e documentação que será submetida à perícia criminal federal. A análise do material tem como objetivo aprofundar as investigações, colher novas provas e identificar outros integrantes da organização criminosa.
Confirmando-se os indícios, os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico internacional de pessoas (Art. 149-A do Código Penal) e organização criminosa (Lei nº 12.850/2013), cujas penas somadas podem ultrapassar 18 anos de reclusão.
O nome da operação, "Double Key 2", faz alusão ao complexo do KK Park, fortaleza inexpugnável, onde as vítimas eram exploradas.
