Após extinção da Decasp, delegada soma incertezas sobre seu futuro

Antônio Assis
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JC Online

Em entrevista ao JC, a delegada Patrícia Domingos, que está à frente da Delegacia de Polícia de Crimes contra a Administração e Serviços Públicos (Decasp) há três anos e 10 meses, afirmou que ainda não sabe qual será o seu destino após a extinção das delegacias. "Ninguém conversou com a gente, ninguém conversou nada. Pra se ter uma ideia, a gente não sabe de nada. Silêncio absoluto", afirmou. A decisão da extinção foi aprovada em segunda instância na última quarta-feira (31), na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe).

"Eu gostaria de saber o que vai acontecer. Não faço ideia do que vai acontecer. Inclusive, gostaria de saber e não tenho essa informação. É fogo, né?", acrescentou. 

No período em que teve Patricia encabeçando as operações em Pernambuco, foram realizadas 15 operações, com 49 gestores públicos e empresários presos, mais de R$ 3 milhões em espécie apreendidos e R$ 10 milhões em bens bloqueados.

EXTINÇÃO 

Por 30 votos a favor e seis contra, a Decasp foi extinta junto com a Delegacia de Crimes contra a Propriedade Imaterial (Deprim), para criação do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco). O projeto, encaminhado e aprovado em regime de urgência – sob protestos de vários órgãos de fiscalização, delegados e movimentos sociais que temem a descontinuidade das investigações sobre crimes de corrupção – prevê duas novas delegacias vinculadas ao departamento, uma com atuação na capital e Grande Recife e outra no interior.

“Tivemos a preocupação de dar início à análise do material apreendido, pois ficamos com medo de que, com a extinção da Decasp, não houvesse ninguém para fazer isso e o material perecesse, até porque o inquérito está concluso”, explica o promotor de Justiça Frederico Magalhães, do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco) do MPPE. “Estamos catalogando o material, não temos prazo para concluir a análise e enviar à Justiça”.
DRACO

Projeto de lei que prevê a extinção das Delegacias Especializadas de Combate à Pirataria e a de Combate aos Crimes contra a Administração Pública (Decasp), para criação de um Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) está causando polêmica no meio policial. Encaminhado pelo Governo do Estado à Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), na semana passada, o PLO nº 2066/2018 foi classificado como um “retrocesso” pela Associação dos Delegados de Polícia de Pernambuco (Adeppe).

O chefe da Polícia Civil, Joselito do Amaral, explica que o projeto criando o Draco prevê duas delegacias (uma para capital e Grande Recife e outra para o interior) que absorverão as atribuições das duas unidades extintas e ampliarão suas competências, ajustando-se à Lei Federal nº 12.850, de 2013. “Elas não só vão apurar e repelir crimes contra a corrupção, mas também outras infrações contra a administração pública, como o peculato. Vão atuar em qualquer crime de organização criminosa”, afirma.

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