Biografia revela as outras faces de José Pimentel

Antônio Assis
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José PimentelFoto: Felipe Ribeiro

Daniel Medeiros
Folha de Pernambuco

O ano de 2018 promete grandes emoções na vida de José Pimentel. Além de ser o primeiro ano em que o ator não interpreta Jesus, após quatro décadas de dedicação aos espetáculos da Paixão de Cristo, sua biografia vem a público em forma de livro. Em "José Pimentel - Para além das paixões" (Cepe Editora, 185 páginas, R$ 80), o jornalista pernambucano Cleodon Coelho mostra a trajetória profissional e pessoal do artista, desvendando a figura humana por trás da imagem que prevalece no inconsciente coletivo dos pernambucanos.

A publicação será lançada nesta quarta-feira (10), às 19h, no hall de entrada do Teatro de Santa Isabel, dentro da programação de abertura do 24º Janeiro de Grandes Espetáculos, que conta ainda com a apresentação do musical “Dorinha, meu amor”, às 20h30. 

Durante quase dois anos, o escritor mergulhou em arquivos de jornais, documentos, fotografias, programas de peças teatrais e entrevistas com o próprio biografado, amigos, colegas de trabalho e familiares. A reconhecida sinceridade de Pimentel foi um facilitador para a construção do livro, segundo Cleodon. 

"Ele é um homem que tem a ironia como marca, sem meias palavras. Mesmo que possa pagar pelo que diz, não sofre por não falar o que pensa. Para um entrevistador isso é ótimo. Claro que nem tudo o que conversamos está no texto, mas tentei preservar essa franqueza ao máximo", relembra o autor. 

E é com essa transparência que lhe é característica que Pimentel encara o lançamento de um livro sobre sua trajetória. "Não gosto muito dessas homenagens, porque parece que as pessoas acham que você está perto de morrer", dispara. "Mas gostei do trabalho feito por Cleodon, fiquei feliz. Acho que é um retrato bem fiel da minha vida, mostrando os momentos mais importantes e outros triviais", diz o artista, que completou 83 anos em agosto de 2017.

A capa do livro que conta a trajetória do ator pernambucano

Linha do tempo

Nascido em Garanhuns, José Pimentel cresceu ouvindo as histórias contadas pelo pai, Virgíneo, sobre o cangaço. Por coincidência, sua estreia em palco à italiana ocorreu no espetáculo "Lampião", de Raquel de Queiroz, no papel de cangaceiro Ponto Fino. 

A aproximação com as artes dramáticas se deu de forma inusitada, por meio do halterofilismo. Graças ao porte físico cultivado com a musculação, foi convidado pelo amigo Octávio Catanho, que conhecia os diretores Luiz Mendonça e Clênio Wanderley, para uma participação na encenação de "O drama do calvário", pelas ruas de Fazenda Nova, interpretando um soldado romano.

"Ele vivenciou a efervescência que existiu no Recife na década de 1950. Foi parte de uma história de mudança que a cena teatral da cidade começava a experimentar. Prova disso é que uma de seus primeiros trabalhos foi na primeira montagem de 'O auto da compadecida', em 1956, considerada inovadora para a época", aponta o biógrafo. 

Foi só em 1978, aos 44 anos, que o intérprete se encontrou com seu personagem mais famoso. Quando deixou a encenação de Nova Jerusalém, que dirigiu e atuou até 1996, criou a Paixão de Cristo do Recife. "É difícil explicar a fixação por essa história. Ao mesmo tempo em que ele tem uma paixão louca por essa história, não tem o costume doentio de levar o personagem para casa. Fora de cena ele é, simplesmente, Pimentel", defende Cleodon Coelho. 

Serviço

Lançamento do livro "José Pimentel - Para além das paixões", na abertura do 24º Janeiro de Grandes Espetáculos
Nesta quarta-feira (10), às 19h
Teatro de Santa Isabel (Praça da República, s/n, Santo Antônio)
Entrada gratuita
Informações: (81) 3355-3323

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