Atlas aponta desmatamentos na Mata Atlântica em Pernambuco

Antônio Assis
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Levantamento mostra que clareiras são abertas nas florestas para servir de pasto ou lavoura
Foto: Desambientalismo.com

Priscilla Costa
Folha-PE

Pernambuco perdeu 16 hectares de cobertura florestal nos últimos dois anos, ou seja, uma área equivalente a 16 campos de futebol (cada campo equivale a um hectare). No ranking das cidades que mais desmataram, o destaque negativo ficou para o município de Riacho das Almas, no Agreste pernambucano, responsável por metade do prejuízo ambiental. Em seguida, as cidades de Timbaúba, na Mata Norte, e Brejão, também no Agreste, registraram, cada uma, a eliminação de quatro hectares de vegetação natural.

É o que apontam os dados mais recentes do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O estudo traz o levantamento mais recente sobre a situação do desmatamento em 3.400 cidades do País, nos anos de 2015 e 2016.
A principal explicação para o cenário é que, segundo a SOS Mata Atlântica, a região onde estão inseridos os municípios tem suas atividades econômicas baseadas na agricultura e na pecuária. O plantio de monoculturas e o desmatamento para a implantação de pastos propiciam a abertura de clareiras em meio às florestas, contribuindo para o processo de desertificação. De acordo com a SOS Mata Atlântica, a área original de Mata Atlântica em Pernambuco era de 1,6 milhão de hectares. Atualmente, existem apenas 197 mil hectares.

Como constantemente apontado pelo diretor-presidente do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan), Severino Ribeiro, essa celeridade no desmatamento reflete na falta da implantação de uma agenda ambiental nos municípios, salientando que não se trata de uma questão pontual. “O que falta mesmo é uma gestão municipal que efetive planos de manejo e projetos de conservação e recuperação de remanescentes. A maioria das cidades que desmatam está inserida no Agreste, região onde há uma maior concentração de remanescentes florestais, como os brejos de altitude. Esse diferencial requer uma atenção maior das autoridades”, ressalta.

Atualmente, a Mata Atlântica é a floresta mais ameaçada do Brasil, com apenas 12,4% da área original preservada, segundo a SOS Mata Atlântica, o que só reforça, segundo ambientalistas, que o poder público e as comunidades devem voltar o olhar para a conservação do pouco de vegetação nativa que ainda resta. Em âmbito nacional, o levantamento da SOS Mata Atlântica revelou o Nordeste como a região que mais desmata. Entre os destaques, a Bahia ficou entre os estados que mais suprimiu mata nativa. Só Santa Cruz Cabrália, situada no Sul da Bahia, eliminou 3,1 mil hectares de florestas nativas nos últimos dois anos - uma área de tamanho semelhante a Madre de Deus, o menor município do estado da Bahia, que tem 3,2 mil hectares de área total.

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