Marisa Monte e Paulinho da Viola fazem, em show, belo e necessário resgate

Antônio Assis
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Show de Paulinho da Viola e Marisa Monte
Foto: Andre Nery

Tatiana Meira
Folha de Pernambuco

Aula de samba, encontro raro, momento comovente. Depois de uma parceria que existe há mais de 20 anos entre uma ou outra canção, além de dividirem o amor pela Portela, Paulinho da Viola, 75 anos a serem completados em novembro, e Marisa Monte, 50, mas com aparência de bem menos idade do que afirma sua certidão de nascimento, passaram a se encontrar no palco desde maio deste ano. E vêm arrebatando multidões por onde passam.

Na noite dessa sexta-feira (1), foi a vez de Pernambuco se encantar com o show, iniciado às 22h50 no Classic Hall, com Paulinho entoando “Tudo se transformou” . Acompanhado de sua banda, formada por mais oito instrumentistas, incluindo seu filho, João Rabello, o sambista repassou sucessos da carreira, como “Pecado capital” (aquela cuja letra afirma: ‘Dinheiro na mão é vendaval’) e “Coração leviano”, antes de receber a bela e também afinada Marisa. 

Marisa chegou de vestido longo vermelho e cabelos anelados soltos, lembrando “Para ver as meninas”, seguida por um dueto bem sincronizado que rendeu versão comovente e verdadeira de “Sinal fechado”.

Marisa lembrou como os dois se conheceram e se aproximaram depois de participarem de um show de Raphael Rabello, duas décadas atrás. Na sequência, garantiu que respeitava a timidez de Paulinho e recordou como foi concebida “Não quero você assim”, canção feita para ser mostrada em 1969-1970 para Roberto Carlos. Mas Paulinho ficou com vergonha e não levou o o projeto adiante. “Meu negócio era mais samba”. E riram juntos.

Vieram muitos sambas mais, alguns super conhecidos; outros, o resgate de pérolas da Velha Guarda da Portela. Entre as que o público cantou junto, “Dança da solidão”, “Universo ao meu redor”, “Carnavália” (dos Tribalistas), até chegar a um módulo de tributo à Portela, citando nomes como Argemiro Patrocínio e Candeia. Mesmo Marisa Monte entrando apenas como convidada, foi ela quem ajudou a levantar o público, que entoou junto com a dupla uma versão para a centenária “Carinhoso”, de Pixinguinha.

E atiçaram a curiosidade com histórias como a gravação de “Talismã”, que ficou escondida em fita cassete até que Marisa e Arnaldo Antunes dessem conta de imaginar a letra em dez dias.

O show mostrou duas vozes muito afinadas de talentos de diferentes gerações da nossa MPB, num projeto que não se preocupa apenas em agradar – embora esse lado também esteja latente –, mas, sim, em manter viva a chama do samba. 

E o show, que começou intimista e fazendo os desiludidos sofrerem com a dor de cotovelo – terminou o bis com a agitada “Comida”, dos Titãs, e sua letra de crítica social-política tão necessária nos tempos bicudos do Brasil de agora e, quiçá, do planeta. Segundo Marisa, a música foi incluída no repertório a pedido de Paulinho, a quem se refere algumas vezes como mestre. Tributo merecido e para guardar na memória!

Confira as datas da turnê

1/9 - Recife - Classic Hall
2/9 - Fortaleza - Centro de Eventos do Ceará
14/9 - Curitiba - Teatro Guaíra
15/9 - Porto Alegre - Auditório Araújo Vianna
20/10 - Brasília - Auditório Ulysses Guimarães
22/10 - Salvador - Concha Acústica
17 e 18/11 - Rio de Janeiro - Km de Vantagens Hall
24 e 25/11 - São Paulo - Citibank Hall

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