Maia admite que denúncia contra Temer vai prejudicar agenda de reformas

Antônio Assis
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Presidente da Câmara, Rodrigo Maia, acompanhado do Presidente Michel TemerFoto: Fotos Públicas

Folha de São Paulo

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou na noite desta quinta-feira (14) que a função legislativa da Casa será colocada em segundo plano nas próximas semanas devido à análise da nova denúncia contra Michel Temer.

"Uma denúncia contra o presidente da República, independente de qual é a agenda, é sempre muito grave. Então não tem como falar que haverá duas agendas relevantes no plenário da Câmara tendo uma denúncia contra o presidente do Brasil. O que temos que ter é paciência e equilíbrio", afirmou Maia em Araxá (MG), onde participa de um seminário.

O deputado, que é aliado de Temer, não quis fazer comentários sobre o teor da denúncia. Atualmente a Câmara debate a reforma política, mas em um cenário de grandes divergências. Havia ainda esperança de retomada da votação da reforma da Previdência.

O prazo de tramitação dessa nova denúncia, caso o STF confirme a tendência de enviá-la à Câmara, ainda é incerto e dependerá do tempo que Michel Temer levará para apresentar sua defesa (na primeira, ele usou um período exíguo). É preciso o apoio de pelo menos 342 dos 513 parlamentares para que o STF (Supremo Tribunal Federal) seja autorizado a analisar a denúncia.

Fulminante
Congressistas de oposição afirmaram que a nova acusação é mais forte do que a primeira e agrava consideravelmente a situação do presidente da República. "É uma denúncia fulminante, que tem força jurídica, especialmente em função nas provas acumuladas em várias delações", afirmou o senador Álvaro Dias (Pode-PR).

Para o líder da bancada do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), a acusação reunirá mais votos contra Temer do que a primeira, que teve seu prosseguimento barrado pelos deputados por 263 votos a 227, no início de agosto.

"A situação do Temer se agrava a cada dia. Ele tem força ainda, até porque com a eleição se aproximando aparece aquela história do 'deixa como tá para ver como fica'. Mas com certeza os votos contra ele serão ampliados."

Parlamentares da base governista reagiram com críticas ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Fiel escudeiro de Temer no Congresso, o deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) classificou a denúncia como "vazia e requentada", uma "ação politica, tresloucada e corporativista" e que "usa coisas que pretensamente foram feitas antes de Michel ser presidente".

O deputado Beto Mansur (PRB-SP) afirmou que seria de "bom tom" que a futura procuradora-geral da República, Raquel Dodge, solicitasse a revisão da denúncia.

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