Temer derrapa na ética - Magno Martins

Antônio Assis
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Um Governo não se firma e ganha envergadura pelo volume de obras, projetos e melhoria dos indicadores econômicos. Ganha respeito e notabilidade, principalmente, quando não faz vista grossa aos princípios da moralidade. No caso do novo affaire do Governo, envolvendo o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira, acusado pelo ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, de pressionar para liberar uma obra por interesse particular, Temer vacilou.

Responsável pela articulação política do Palácio do Planalto com o Legislativo, Geddel foi acusado de ter forçado a liberação da obra de um edifício em Salvador que havia sido embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O titular da Secretaria de Governo diz que comprou um imóvel no empreendimento localizado em um bairro nobre da capital baiana.

Temer deveria tê-lo afastado imediatamente até que a Comissão de Ética Pública da Presidência concluísse o levantamento da conduta do ministro no episódio denunciado pelo ex-ministro da Cultura. Órgão vinculado à Presidência, a Comissão de Ética fiscaliza eventuais conflitos de interesse envolvendo integrantes do governo. O colegiado não tem poder para punir nenhum servidor público.

Isso cabe ao chefe da Nação. Mas antes mesmo de a comissão analisar a denúncia contra Geddel, o Palácio do Planalto adiantou que o ministro da Secretaria de Governo não será demitido. Em um pronunciamento, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, disse que Geddel permanecerá no cargo.

Para completar, ainda ontem, o líder do Governo na Câmara, deputado André Moura (PSC-SE), afirmou que todos os líderes dos partidos da base de Michel Temer na Casa entregaram, no Palácio do Planalto, um manifesto de apoio ao ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. Além de angariar manifestações de apoio dos líderes da base na Câmara, Geddel Vieira Lima também obteve a sinalização de que os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), estarão ao seu lado durante a tempestade política.

Em uma entrevista coletiva em São Paulo, Maia defendeu a permanência de Geddel no primeiro escalão. “Nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo”, disse o presidente da Câmara, após participar de uma palestra a empresários na capital paulista. “O ministro Geddel tem apoio do parlamento, tem confiança do parlamento, tem exercido papel fundamental para o governo na articulação política”, complementou.

Maia disse ainda que “tráfico de influência não é bom”, mas ressaltou que, na opinião dele, isso não ocorreu no episódio envolvendo Geddel e Calero. Ora, o ex-ministro da Cultura foi muito claro incisivo, não pairando nenhuma dúvida do que afirmou quanto às pressões de Geddel, que, ao invés de estar recebendo solidariedade, deveria ter sido demitido.

DEMISSÃO NA CEF– Da mesma forma que o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal também estuda colocar em prática medidas para melhorar a eficiência do banco. De acordo com o presidente da instituição, Gilberto Occhi, estão em análise um plano de demissão ou de aposentadoria incentivada que deve ser oferecido a 10 mil funcionários. Além disso, o banco já monitorava o desempenho de cem agências deficitárias. "Se for necessário, vamos adotar medidas como redução de jornadas, transferências de endereços e, em último caso, fechar as portas", afirmou Occhi, após participar de reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão.

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