O “difícil” cotidiano dos detentos da Lava Jato

Antônio Assis
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Folha-PE

Funcionários do Complexo Médico Penal de Pinhais (CMP), no Paraná, têm relatado falhas na segurança do presídio que acolhe diversos presos da Lava Jato. Estão detidos lá, entre outros, o ex-senador Gim Argello, o ex-ministro José Dirceu, os ex-deputados Luiz Argolo e André Vargas e o ex-tesoureiro PT João Vaccari. No CMP, ficam em torno de 700 detentos que necessitam de tratamento médico ou psiquiátrico, além de presos com curso superior e que são policiais. 

Segundo funcionários, há poucos agentes para vigiar os presos, o que faz com que procedimentos de seguranças sejam ignorados. Um agente cuida dos 180 internos das galerias cinco e seis, entre os quais estão os da Lava Jato. De acordo com um agente, no CMP ficam presos psiquiátricos, doentes e ‘faccionados’ [que pertencem a facções como o PCC]. Há o risco constante de que um deles pegue um preso da Lava Jato como refém.

Nas galerias um e dois, a segurança também fica a cargo de apenas um agente, que vigia 210 presos, a maior parte deles com problemas psiquiátricos. Nas três e quatro, são três agentes escalados para 230 presos. Eles dizem que, para que os detentos tenham atendimentos, têm que passar por cima de procedimentos de segurança. 

Quando um preso precisa ir ao médico, por exemplo, o agente tem que deixar a ala sozinha. Faltam também materiais básicos, como algemas. Um dos presos ilustres que frequentaram o local foi Marcelo Odebrecht, que hoje está na superintendência da Polícia Federal, em fevereiro. Seu cubículo, a cela 604, é hoje ocupado por Luiz Eduardo da Rocha Soares, funcionário da empreiteira, e o empresário Olívio Rodrigues. Mas apesar das dificuldades, comparado às outras prisões, o CMN é um “hotel 5 estrelas”.

Odebrecht

Odebrecht negocia delação premiada. Dependendo do acordo, pode voltar ao CMP para cumprir pena. Odebre­cht está sozinho, na cela vizinha a do doleiro Alberto Youssef. E tem tido reuniões com procuradores, das quais volta abatido. O alívio nas últimas semanas foi que Youssef, o único com aparelho de televisão, regalia concedida pelo juiz federal Sergio Moro, aumentava o som e posicionava o aparelho para que Odebrecht conseguisse espiar alguns eventos dos Jogos Olímpicos.

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