Eduarda Esteves
Leia Já
Cercado de críticas da sociedade e dos rodoviários, o Grande Recife Consórcio de Transporte anunciou que faria um 'teste' no coletivo da linha 901- TI Abreu e Lima/TI Macaxeira retirando os cobradores do coletivo para diminuir os assaltos. A medida entrou em vigor no último dia 11 de julho e pouco menos de um mês depois, na quarta-feira (3) durante a madrugada, os passageiros que estavam nesta linha foram assaltados na BR 101 Norte.
Com o intuito de inibir a ação dos criminosos retirando os cobradores dos ônibus, o Grande Recife, na época, divulgou que a medida avaliaria se a redução de circulação de dinheiro no ônibus poderia diminuir incidência de assaltos a coletivos da capital pernambucana. Ironicamente, a 'linha teste' do projeto, mesmo sem circular com o cobrador, entrou na estatísticas de roubos a ônibus no Região Metropolitana do Recife, que de acordo com o Sindicato dos Rodoviários, já somam 1013 só em 2016.
Segundo o porta-voz do Sindicato dos Rodoviários, Genildo Pereira, desde o anúncio, a categoria não enxergou a medida do Grande Recife como solução para que os assaltos e a insegurança diminuíssem para os passageiros e os trabalhadores. "Não é retirando o cobrador dos coletivos que a situação dos roubos vai se resolver. A gente quer é mais policiamento e rondas dentro dos veículos", afirmou Pereira. Nos registros do sindicato, só no mês de agosto deste ano, já foram 16 ocorrências de assaltos nos coletivos.
Em entrevista ao Portal LeiaJá, a representante da Frente de Luta Pelo Transporte Público (FLTP), Raíssa Bezerra, explicou que a medida não visa a diminuição da segurança. “O Grande Recife e a Urbana [sindicato das empresas de ônibus] deveriam fazer campanhas publicitárias sobre violência no transporte público e debater medidas com a SDS [Secretaria de Defesa Social]. Não correr dinheiro no ônibus não significa que usuários vão estar imunes à violência que paira na sociedade”, opina Bezerra.
No dia 2 de julho, O Recife e a Região Metropolitana (RMR) alcançaram a marca de mil assaltos a ônibus em 2016, na contagem do Sindicato dos Rodoviários. Os registros da Secretaria de Defesa Social (SDS), no entanto, tem dados diferentes dos apresentados pelo sindicato.
A SDS informou que de janeiro a junho de 2016, o valor mais atualizado divulgado pela secretaria, foram registradas 506 ocorrências de assalto na RMR, contra 366 no mesmo período do ano passado. Mesmo sendo quase a metade de ocorrências computadas pelos rodoviários, o número continua expressivo, com um aumento de 38,25%.