Com Uber e crise, "o taxista desceu a ladeira sem freio"

Antônio Assis
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Peterson Mayrinck
FolhaPE

Crise econômica, concorrência com aplicativos como o Uber e dificuldades para conseguir sustentar a própria família. A preocupação de quem trabalha ou depende dos táxis para a sua sobrevivência é grande: a categoria relata quedas expressivas no número de clientes, além de recuo no rendimento - e tudo isso em um ano com alta inflação e desemprego em nível alarmante. Mas há uma luz no fim do túnel, com um projeto para criar um aplicativo voltado e gerido por taxistas.

“Eu trabalhava 12 horas por dia, mas agora trabalho 15 horas por dia para chegar perto do que conseguia faturar há algum tempo. Se saio de casa às 9h da manhã, só volto à meia-noite para poder sustentar a minha família”, conta o taxista Agenor Ambrósio, que trabalha há sete anos no volante. “Eu tenho quatro aplicativos no celular e, em 10 semanas desde que comprei esse meu carro atual, já rodei quase 16 mil quilômetros atrás de passageiro. Eu tenho que ir para a rua se não não ganho dinheiro. Minha família não pode morrer de fome.”

“Antes, tinha gente que sobrevivia só com uso de aplicativos de táxi para conseguir passageiros. Os apps deram um novo norte para a classe. Mas, quando o Uber chegou, o taxista desceu a ladeira sem freio”, conta o presidente da Cooperativa de Taxistas de Paulista e Área Metropolitana (Cooperpam), Márcio Rodrigues. “A receita de muitos caiu, principalmente para quem trabalha à noite, com queda de 80% na renda. Já durante o dia, foi de cerca de 50%”, revela Márcio, que também é diretor comercial da União dos Taxistas de Pernambuco (UTPE).

E o bolso sente. Com a crise econômica que assola o País, o número de corridas feitas por empresas também diminuiu - o Bairro do Recife, por exemplo, onde há grande concentração de companhias de tecnologia, deixou de ser tão atrativo quanto antes. Na avenida Marquês de Olinda, às 16h, ainda é possível ver filas de táxis à espera de passageiros para rodar. “Em três dias”, conta o taxista Francisco Ribeiro, “não consegui ganhar o suficiente nem para pagar a diária do carro. Agora, preciso tirar do meu próprio dinheiro para conseguir pagar. A solução tem sido trabalhar mais e até mesmo durante a madrugada.”

Os dados financeiros dos motoristas que trabalham no Recife corroboram uma constatação feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em regiões metropolitanas do País. Em pesquisa feita em novembro do ano passado, com resultado apresentado no começo de 2016, 43% dos entrevistados apontam a crise econômica do Brasil como a culpada pela diminuição da demanda, enquanto 30,3% citam o transporte clandestino ou ilegal - ou seja, o Uber - como causa.

“Estou revoltado, mas não adianta reclamar. O movimento caiu uns 90%, é uma corrida pela manhã e outra à tarde, não dá nem R$ 100 por dia”, revela Carlos de Oliveira, que também trabalha no Bairro do Recife. “Veja só, são 16h30 e só tirei R$ 48 hoje. Antes, não parava. Eram várias corridas e já teria conseguido R$ 200.”

A problemática e os dramas da categoria não acabam aí. Além da competição com aplicativos tipo Uber, apontado pelos taxistas como desleal, o cenário para a categoria está cada vez mais sombrio - e não é apenas por questões financeiras: “Ainda tem esse detalhe: se você roda de madrugada para tentar ganhar mais um pouco, corre o risco de pegar um assaltante”, aponta Agenor. 

Crise econômica, concorrência com aplicativos como o Uber e dificuldades para conseguir sustentar a própria família. A preocupação de quem trabalha ou depende dos táxis para a sua sobrevivência é grande: a categoria relata quedas expressivas no número de clientes, além de recuo no rendimento - e tudo isso em um ano com alta inflação e desemprego em nível alarmante. Mas há uma luz no fim do túnel, com um projeto para criar um aplicativo voltado e gerido por taxistas.

“Eu trabalhava 12 horas por dia, mas agora trabalho 15 horas por dia para chegar perto do que conseguia faturar há algum tempo. Se saio de casa às 9h da manhã, só volto à meia-noite para poder sustentar a minha família”, conta o taxista Agenor Ambrósio, que trabalha há sete anos no volante. “Eu tenho quatro aplicativos no celular e, em 10 semanas desde que comprei esse meu carro atual, já rodei quase 16 mil quilômetros atrás de passageiro. Eu tenho que ir para a rua se não não ganho dinheiro. Minha família não pode morrer de fome.”

“Antes, tinha gente que sobrevivia só com uso de aplicativos de táxi para conseguir passageiros. Os apps deram um novo norte para a classe. Mas, quando o Uber chegou, o taxista desceu a ladeira sem freio”, conta o presidente da Cooperativa de Taxistas de Paulista e Área Metropolitana (Cooperpam), Márcio Rodrigues. “A receita de muitos caiu, principalmente para quem trabalha à noite, com queda de 80% na renda. Já durante o dia, foi de cerca de 50%”, revela Márcio, que também é diretor comercial da União dos Taxistas de Pernambuco (UTPE).

E o bolso sente. Com a crise econômica que assola o País, o número de corridas feitas por empresas também diminuiu - o Bairro do Recife, por exemplo, onde há grande concentração de companhias de tecnologia, deixou de ser tão atrativo quanto antes. Na avenida Marquês de Olinda, às 16h, ainda é possível ver filas de táxis à espera de passageiros para rodar. “Em três dias”, conta o taxista Francisco Ribeiro, “não consegui ganhar o suficiente nem para pagar a diária do carro. Agora, preciso tirar do meu próprio dinheiro para conseguir pagar. A solução tem sido trabalhar mais e até mesmo durante a madrugada.”

Os dados financeiros dos motoristas que trabalham no Recife corroboram uma constatação feita pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) em regiões metropolitanas do País. Em pesquisa feita em novembro do ano passado, com resultado apresentado no começo de 2016, 43% dos entrevistados apontam a crise econômica do Brasil como a culpada pela diminuição da demanda, enquanto 30,3% citam o transporte clandestino ou ilegal - ou seja, o Uber - como causa.

“Estou revoltado, mas não adianta reclamar. O movimento caiu uns 90%, é uma corrida pela manhã e outra à tarde, não dá nem R$ 100 por dia”, revela Carlos de Oliveira, que também trabalha no Bairro do Recife. “Veja só, são 16h30 e só tirei R$ 48 hoje. Antes, não parava. Eram várias corridas e já teria conseguido R$ 200.”

A problemática e os dramas da categoria não acabam aí. Além da competição com aplicativos tipo Uber, apontado pelos taxistas como desleal, o cenário para a categoria está cada vez mais sombrio - e não é apenas por questões financeiras: “Ainda tem esse detalhe: se você roda de madrugada para tentar ganhar mais um pouco, corre o risco de pegar um assaltante”, aponta Agenor.

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