Tauan Saturnino, da Folha de Pernambuco
A Polícia Civil de Pernambuco apresentou os detalhes da Operação Tsunami, na manhã desta sexta-feira (3). As diligências levaram à prisão do prefeito de Catende, Otacílio Alves Cordeiro (PSB), e parentes e auxiliares do gestor, além da apreensão de mais de R$ 1 milhão e armamentos.
De acordo com a delegada Patrícia Domingos, à frente da investigação, foram cometidos crimes de emprego irregular de verbas ou rendas públicas, falsificação de documentos públicos e documento falso, associação criminosa, crimes de licitação e lavagem de dinheiro.
Uma das denúncias foi relativa a um posto de gasolina de propriedade do prefeito, que venceria todas as licitações do município. Há quatro postos na cidade, mas teria ganho diversas licitações, nos anos de 2011 e 2012, que eram desertas.
“Esse fornecimento de combustíveis seria do posto do prefeito para a própria Prefeitura, gerida pelo prefeito Otacílio. Esse posto teria ganho essas licitações em casos em que não havia nenhum concorrente. Ou seja, licitações desertas: concorreu sozinho, ganhou diversos e reiterados contratos e veio fornecendo combustíveis ao longo dos anos, tendo como ordenador de despesas o prefeito, tendo como secretário de Finanças o filho do prefeito, casado com Andrezza Paes, que tem o posto arrendado”, explicou.
O posto ainda envolve outra questão. Há alguns anos, o estabelecimento estava arrendado para Alberto Soares, que ainda é sócio, e um homem identificado apenas como Florisval. Este último faleceu e, meses após o seu falecimento, assina a alteração de um contrato social, transferindo 50% da sua sociedade para Andrezza Paes da Silva, nora do socialista.
“Florisval era caseiro da fazenda Santo Antônio (em Quipapá), de propriedade do prefeito. Inclusive, na certidão de óbito de Florisval, ele faleceu no interior dessa fazenda. Na qualidade de caseiro, após a sua morte, transferiria a propriedade do posto para a nora do prefeito”, explicou.
Entre as denúncias há, também, uma de licitação para a colocação de um forro de uma escola. Para a execução das obras, foi contratado um pedreiro que não poderia ter participado, pois não tinha um braço. Outro caso foi o de uma mulher contratada para palestrar sobre Ciência e Tecnologia. Abordada pela Polícia, a mulher disse que “não sabia diferenciar nem um mouse de um teclado”, segundo informou a delegada.
Ao todo, foram apreendidas 170 munições – 20 de calibre 380, 83 de calibre 38, 37 de calibre 12, dez de calibre 44, nove de calibre 28, e 11 de calibre 40. Também foram apreendidas sete espingardas, um rifle 44, dois revólveres e duas pistolas. O valor total apreendido foi de R$ 1.306,377,95. Também apreendidos 35 CPUs, documentos, contratos, notas, empenhos, celulares, notebooks e pendrives.
Além de oito mandados de condução coercitiva, foram expedidos e cumpridos 25 mandados de busca e apreensão domiciliar. Foram realizadas 12 prisões. As mulheres presas foram encaminhadas a Colônia Penal Feminina do Recife, e o homens, para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel). A Operação vem acontecendo desde outubro de 2015.