Ilimar Franco - O Globo
O PMDB pode voltar ao poder, no próximo final de semana, trinta e dois anos após o senador Tancredo Neves ser eleito presidente da República pelo colégio eleitoral. Novamente agora, sob o comando do vice Michel Temer, o partido pode voltar ao poder pelas mãos do Congresso, sem se submeter ao voto popular.
O vice Michel Temer esta empenhado em convencer seu partido que os peemedebistas podem não ter outra oportunidade para assumir o poder. Sua agenda no Rio ontem teve esse objetivo, unir a sigla para destituir a presidente Dilma. O PMDB unido não deve ser subestimado, sobretudo por sua aliança com o PSDB.
Para fortalecer a defesa do impeachment, Temer tem feito o discurso da união nacional, enquanto seus parceiros da oposição proclamam que Dilma não conseguirá governar mesmo se passar pelo vestibular do impeachment. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, já anunciou que nesse caso há nove pedidos de impeachment na gaveta, esperando apenas por sua decisão de aceitá-los.
O governo também antecipa que, derrotado, também apostará num quarto turno. O discurso da presidente Dilma que não renunciará e a denúncia do PT, e da esquerda, que está sendo um golpe no país, indica que o embate será travado durante os 180 dias do julgamento de Dilma pelo Senado. Apostam que essa bandeira pode ganhar ainda mais peso social e ter maior ou menor apelo à medida que a crise econômica continue. Afinal, seu sucessor assumirá com a expectativa de domar a crise.
Fora do poder, o PT e seus aliados apostam que o vice Michel Temer também não conseguirá dominar a instabilidade econômica e política. As organizações sociais ligadas à esquerda tentarão dar sua contribuição. Para evitar que isso ocorra, Temer terá que adotar medidas saneadoras, ao sabor do mercado, mas que também represente um alívio à população. Mas sua equipe de governo não sabe ainda como fará isso, pois um dos motivos que levou milhões às ruas foi o desemprego.
Afinal, a população que sai às ruas protestando contra a corrupção, não tem compromisso com a agenda do mercado e medidas liberais.