Rompimento provoca resistência no PMDB

Antônio Assis
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Folha-PE

Um dia após o PMDB ter decidido desembarcar do governo por aclamação, a resistência dos ministros do partido em deixar seus cargos provocou embaraços que podem atrapalhar a reforma ministerial que o Palácio do Planalto desejava concluir até o fim da semana para recompor a base aliada e evitar a aprovação do processo de impeachment. Ontem, lideranças do partido, como a ministra Kátia Abreu e prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, manifestaram o desejo de continuar apoiando o Palácio, que deflagrou uma campanha para barrar o processo de impeachment da presidente, através da redistribuição de postos na administração. Até mesmo oposicionistas como Aécio Neves e Marina Silva fizeram questão de criticar a decisão, orquestrada por Temer.

Para justificar o afastamento do governo, o presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha (PMDB), afirmou que o seu partido é “um porto seguro” em meio à “tempestade” representada pela crise política, e que a sigla tem uma “tradição a honrar”. “Diante da tempestade, o PMDB se mostra, como sempre se mostrou, um porto seguro”, disse Cunha, ontem, na sessão que homenageou os 50 anos de fundação do Movimento Democrático Brasileiro, que deu origem ao PMDB.

Sem a presença de Michel Temer, que está em São Paulo e de nenhum senador, o evento ficou esvaziado. Mesmo assim, o vice-presidente do PMDB, Eliseu Padilha, garantiu que, com a decisão de terça, o partido respondeu “à ânsia da base partidária” e “pavimentou a estrada” para o partido chegar “em alta velocidade a 2018. Não podemos abrir mão do protagonismo nacional”, colocou.

No entanto, a determinação de entregar todos os cargos ocupados pela sigla no governo pode não ser seguida por peemedebistas pró-governo. Os ministros Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) estiveram ontem com Dilma. Castro afirmou a políticos com quem conversou que do cargo “só sai amarrado”. Deputados que se dizem ainda indefinidos quanto a apoiar ou não o impeachment avaliaram que a direção do PMDB pode ter dado um tiro no pé, antecipando o rompimento.

Pelas redes sociais, a ministra Kátia Abreu (Agricultura) disse que continuará “no governo e no PMDB. Ao lado do Brasil no enfrentamento da crise”. Além disso, anunciou que os outros cinco ministros do PMDB - Mauro Lopes (Aviação Civil), Helder Barbalho (Portos), Eduardo Braga (Minas e Energia), Marcelo Castro (Saúde) e Celso Pansera (Ciência e Tecnologia) - decidiram não deixar seus cargos.

A decisão teria sido tomada na “casa de Renan (Calheiros)”, na note de anteontem. Kátia afirmou, ainda, que ela e os correligionários se licenciarão da legenda em “respeito à decisão aprovada”. Porém, o senador Romero Jucá fez questão de desmentir o acordo entre os ministros. “Não chegou nenhuma comunicação para o partido”, destacou. Por sua vez, Renan também rejeitou a hipótese de patrocinar a licença dos ministros.

Já o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), afirmou que, no município, o apoio à presidente Dilma continua.

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