Mesmo sem nudez, movimento conseguiu chamar a atenção para a causa dos ciclistas
Ashlley Melo
JC Online
A Praça do Derby ficou movimentada, ontem, com ciclistas e curiosos que se reuniram para a primeira edição da Pedalada Pelada no Recife. O evento mundial, que já ocorria em outras cidades brasileiras, tem como bandeira dar visibilidade à fragilidade dos usuários de bicicletas no trânsito e ao despreparo dos centros urbanos para os transportes alternativos aos carros.
De acordo com participantes, que não quiseram se identificar para evitar represálias, a nudez é um recurso para chamar a atenção da sociedade para as ameaças diárias sofridas pelos ciclistas no trânsito. “Se andar com uma melancia na cabeça chamasse tanto a atenção quanto a nudez, que ainda é um tabu, nós estaríamos aqui com melancias na cabeça. Mas, infelizmente, ainda é isso que faz as pessoas pararem para observar”, disse um dos ciclistas. A reportagem, no entanto, não observou ninguém sem roupa, com exceção de três mulheres sem sutiã, com os seios pintados.
Com frases como “De roupa ou pelada não mereço ser atropelada” e “Obsceno é o trânsito”, os participantes pintaram os corpos pedindo respeito. Cerca de 40 pessoas foram à concentração e o clima era tranquilo, sem a presença de policiamento. Alguns ciclistas temiam repressão por parte das autoridades.
O grupo saiu da praça por volta das 18h30, sem roteiro definido. Segundo os ciclistas, a expectativa é que o evento ganhe força e mais adeptos nos próximos anos.