A guerra das rosas - Carlos Chagas

Antônio Assis
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Tem gente supondo o pior. Um ministro do Supremo imagina um cadáver. Senadores temem mais de três. Sindicalistas ampliam o número. Tudo como resultado de suposto entrevero entre defensores da prisão do Lula e partidários do impeachment de Madame. A motivação poderá ampliar-se: haverá quem sustente a imediata dissolução do PT e quem imagine lançar os tucanos na fogueira. Carnívoros contra herbívoros.

Ontem, as previsões eram trágicas. No país inteiro prenunciava-se a guerra civil. Não apenas em São Paulo, mas na maioria das capitais, o clima era de intolerância. Ninguém aceitava a argumentação oposta. Palavras como entendimento, cautela e boa vontade pareciam banidas do dicionário e até partidos afins digladiavam-se retoricamente ou, mesmo, interna corporis.

Prevalece a máxima de que “razão, tenho mesmo eu”. Companheiros não admitem erros na diretrizes da presidente Dilma enquanto o PSDB supõe ser ela a causa de todos os males. O PT duela com o PT ao tempo em que o PMDB até encontrou rótulos para suas duas alas: o seis e o meia dúzia, que nem se falam. No palácio do Planalto a briga é de foice em quarto escuro. No Congresso, dividem-se como num galinheiro sem galo e pleno de raposas. Aguarda-se o caos para hoje, mesmo sendo domingo.

Situação e oposição reivindicam para o adversário o rótulo de Capeta ou de Satanás, imaginando a impossibilidade de o país voltar a unir-se e as instituições a funcionar. A confusão é geral quando se exige prisão para o Lula e afastamento para Dilma, quando nenhuma das duas hipóteses conduzirá a lugar algum.

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