Livro: sociólogo desnuda história do PT até o poder

Antônio Assis
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Folha de S.Paulo - Maurício Puls

"Do PT das lutas sociais ao PT do Poder" reúne artigos e entrevistas do sociólogo José de Souza Martins -professor titular aposentado da USP- sobre o Partido dos Trabalhadores e os governos Lula e Dilma. Como costuma ocorrer nessas coletâneas, é um livro bastante desigual.

O PT recebe diferentes definições: "O PT é apenas nominalmente um partido político. Na verdade, é constituído por um conjunto de facções partidárias e religiosas com orientação própria". Mais adiante: "O PT é um partido monolítico e em certo sentido autoritário. Ele não convive com o dissenso nem pode fazê-lo". Essas observações não compõem um todo coerente. Afinal, o PT é ou não é um partido? É monolítico ou fragmentado?

O diagnóstico sobre os tucanos também é problemático. Incluído a princípio entre as "cópias malfeitas de ideologias decorrentes de outras situações históricas", o PSDB depois é elogiado por ser "o único partido brasileiro que chegou a ter uma visão prospectiva da história... Compreendeu que a inovação social e política se determina pelo poder de reprodução da sociedade contemporânea". Mas, mesmo tendo compreendido tudo isso, "o PSDB não encontrou o caminho da inovação".

No ensaio de abertura do livro, Martins afirma que a eleição de Lula em 2002 marcou "o triunfo do subúrbio": "Não é o proletariado que se ergue politicamente, é o subúrbio, o lugar de chegada entre os que transitam entre o Brasil atrasado e o Brasil moderno".

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