Inaldo Sampaio
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta terça-feira (19), após participar de evento no Banco Credit Suisse, que sob o comando de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff “ficou um pouco difícil” porque ele próprio está ameaçado de cassação.
Para FHC, a tese de Marina Silva – em defesa da cassação pela Justiça Eleitoral dos mandatos de Dilma e do seu vice, Michel Temer – é de eficácia duvidosa e logo em seguida explicou por quê:
“Você anula as eleições e a regra é a mesma? Os partidos são os mesmos? Não faz uma mudança mais profunda na legislação eleitoral? Do ponto de vista nacional, era melhor aprofundar mais a crise política, porque é preciso mudar mais profundamente as regras, fazer mudanças mais profundas no Brasil. Não é pessimismo, mas isso leva anos”, disse o ex-presidente
Acrescentou que afastar Dilma do governo não representaria necessariamente uma boa solução para o Brasil. “Sem querer absolvê-la, mas não basta tirá-la e colocar outro”.
Além disso, acrescentou, afastamento da presidente da República por um processo de impeachment pode abrir espaço para o surgimento de políticos “demagogos”.
“Sempre há o risco de um demagogo. Não quero personalizar, mas tem pessoas aí que estão mudando de partido com a pretensão de ser presidente. E são capazes de falar. O problema num país como o nosso é que a capacidade de expressão conta mais que o resto, a capacidade de empenho, de ser ator. Na política contemporânea, político tem que ser um pouco ator. Tem muitos atores que usam o script necessário e depois vão fazer bobagem”, afirmou.
Por sua vez, o provável futuro líder do PT na Câmara Federal, deputado Paulo Teixeira (SP), propôs que o processo de impeachment de Dilma Rousseff seja levado à pauta da Câmara Federal logo na reabertura do Congresso, em fevereiro próximo.