Usuários de crack prejudicados com fechamento de serviços do Atitude no Recife

Antônio Assis
0
Usuários de drogas nas ruas do Centro do Recife
André Nery/JC Imagem

Ciara Carvalho
JC Online

É mais do que ficar sem um prato de comida. Mais do que abrir mão de uma cama limpa e de um banho de chuveiro. Vai além de um endereço fechado. O corte de verbas que atingiu o Programa Atitude e a consequente interrupção de alguns dos seus serviços no Recife é um baque na esperança. Desde agosto passado, o principal programa estadual de atendimento aos usuários de drogas, principalmente o crack, suspendeu os dois serviços que atendiam a população masculina na capital. Estão sem funcionar o Centro de Apoio, localizado na Rua Estrela, no bairro de Parnamirim, na Zona Norte, e o Centro de Acolhimento Intensivo, em Aldeia, no município de Camaragibe. São cerca de mil atendimentos que deixam de acontecer a cada mês de paralisação. Para um público com um perfil extremamente vulnerável e exposto à violência, essa interrupção pode custar um preço alto.

Quando cai a noite, um passeio pelo Centro da cidade ajuda a dimensionar a falta que o serviço faz. É fácil encontrar em pontos como a Rua do Imperador, o Parque 13 de Maio e a Praça da Independência muitos dos usuários de crack até então atendidos pelo Atitude. À medida que as horas avançam, outros vão se somando. A maior parte dorme por ali mesmo. No primeiro momento, a reclamação é pelo imediatismo, pela perda do que se pode mensurar. “Lá era um adiante para mim. Eu tinha as três refeições, um banho decente. A gente sabia para onde ir. Agora é cada um por si. Tô até agora no sarro (fome, na linguagem da rua)”, conta Bruno Nascimento dos Santos, 25 anos. Na noite anterior, ele e um colega tinham passado a madrugada bebendo e fumando crack. Consumiram 12 pedras.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)