Blog do Josias de Souza
A autoconfiança de Eduardo Cunha vai cedendo espaço à inquietação. Crivado de denúncias, o presidente da Câmara rumina dois temores, informam seus amigos. O primeiro é o receio de perder o mandato e migrar do STF para as mãos do juiz Sérgio Moro, em Curitiba. O segundo é o medo de ver a mulher, Claudia Cruz, e a filha, Danielle Cunha, hostilizadas em público e condenadas pela Justiça.
A prioridade de Cunha passou a ser manter o pescoço grudado à cabeça na Câmara. Avalia que, se seu mandato for cassado, pode ter um destino de André Vargas —referência ao ex-deputado petista André Vargas, cuja carreira política foi fulminada pela Lava Jato. Pilhado mantendo relações monetárias com o doleiro Alberto Youssef, Vargas teve o mandato passado na lâmina e migrou do foro privilegiado do STF para a primeira instância do Judiciário.

A pedido do procurador Rodrigo Janot, o ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, autorizou investigações também contra Cláudia Cruz e Danielle Cunha. Daí o receio de Cunha. Documentos enviados pela Promotoria da Suíça à Procuradoria da República comprovam que a mulher de Cunha era beneficiária de uma das contas secretas abertas pelo marido na Suíça. A filha do deputado era dependente no uso de um cartão de crédito vinculado à conta que armazenava dinheiro de má origem.
Até a semana passada, Cunha posava de valente. Dizia que não perderia o mandato nem deixaria o comando da Câmara. A divulgação do papelório que confirma a existências das contas bancárias que o deputado dizia não possuir na Suíça deixou-o em situação tão precária que os aliados o aconselham a abdicar da Presidência para tentar salvar pelo menos o mandato.