MP avança nas investigações sobre o PMDB no petrolão

Antônio Assis
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THIAGO BRONZATTO
Época

Ao preparar a decolagem dos gramados do Alvorada na noite de quinta-feira, dia 24, o helicóptero que levaria a presidente Dilma Rousseff à base aérea de Brasília produziu uma labareda na traseira. Dilma só soube do fato na manhã seguinte, já em Nova York, aonde chegara para participar da Assembleia-Geral da ONU. Seu comentário sobre o fato serve para o momento político: “Ninguém viu. Ninguém percebeu”, disse. Operando sem os instrumentos que um presidente deve ter e envolvida no varejo das negociações, onde um presidente não deve estar, Dilma não tem a dimensão da encrenca de negociar com o PMDB em posição desfavorável. Dilma ofereceu ao partido ao menos cinco ministérios, inclusive o da Saúde. Apesar disso, líderes do PMDB coreografavam a saída do governo. O PMDB tem as cartas na mão.

Um pouco abaixo da superfície, no entanto, as coisas são mais complexas. O PMDB está à beira de um precipício, que pode desestabilizar as negociações. Relatos novos de delatores presos pelaOperação Lava Jato, mais especificamente o lobista Fernando Soares, o Baiano, e o ex-diretor da área Internacional da estatalNestor Cerveró, obtidos por ÉPOCA, montam um cenário conturbado para a cúpula do PMDB – em particular, o presidente do Senado,Renan Calheiros, e os senadores Edison Lobão, Valdir Raupp e Jader Barbalho. A combustão está no ar.

Entre 2006 e 2007 foram fechados dois contratos com o estaleiro coreano Samsung Heavy Industries para a construção de navios-sonda para a exploração de petróleo em águas profundas. Negócios assim, sabe-se hoje, não saíam sem propina. O esquema de pagamentos foi acertado por Cerveró, diretor da área de Internacional, e Luis Carlos Moreira da Silva, gerente da estatal, de um lado, e por Fernando Baiano, operador do PMDB, e o lobista Julio Camargo, representante da Samsung, do outro. O negócio de US$ 1,2 bilhão rendeu US$ 40 milhões em comissão aos envolvidos.

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