Um ano e três meses após início da operação do BRT, modal continua incompleto

Antônio Assis
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Thiago André Santos
Folha-PE

Um ano e três meses após o início da operação do BRT (Bus Rapid Transit), o modal previsto para ser um serviço rápido está incompleto, com 67% das 55 estações funcionando. E nas 37 paradas dos corredores Leste-Oeste e Norte-Sul que em operação, há problemas como portas com abertura irregular, ar-condicionado sem funcionar e marquise em pedaços. Entre as que ainda não foram ativadas, a Folha encontrou morador de rua dormindo, lixo acumulado e vidros quebrados, evidenciando o descaso com o sistema que seria o futuro do transporte público de passageiros da RMR. Além disso, em muitos trechos as pistas não são segregadas, o que descaracteriza o principal benefício do transporte. Os corredores que deveriam transportar mais de 270 mil usuários por dia garantem a circulação de 86 mil. Além disso, outros dois equipamentos importantes para a operação do ramal que passa pela avenida Caxangá, e que poderiam aliviar o trânsito tanto dos coletivos comuns como os BRTs, os terminais integrados da III e IV Perimetral, estão no pacote de serviços inacabados.

No Leste-Oeste (Camaragibe/Centro do Recife), a empresa vencedora da licitação do ramal que possui 16 km de extensão, a Mendes Júnior - envolvida nas investigações da Operação Lava Jato - abandonou os trabalhos. Com isso, das 27 estações previstas, apenas 15 estão em operação. Mesmo as entregues estão com problemas de manutenção - marquises destruídas, vidros quebrados, ar-condicionado sem funcionar. 

Em uma das estações da avenida Guararapes, no Centro da Capital, uma das portas de vidro foi destruída, dando lugar a uma placa de madeira. Ao longo da avenida Caxangá, as marquises estão danificadas por conta da circulação de caminhões na faixa exclusiva. Em pior estado estão as seis plataformas da avenida Conde da Boa Vista, que também integram o Leste-Oeste. Os espaços, que por conta do prazo de entrega começaram a serem executados sem ter embarque em nível, viraram depósitos de lixo. Outros servem de dormida para moradores de rua e representam até risco de vida por conta das lâminas de vidro soltas.

Situação igual em algumas das plataformas do corredor Norte-Sul (Igarassu/Centro do Recife), que possui um trajeto de 33 km. Das 28 estações projetadas, 22 estão funcionando. Na Dantas Barreto, o calor impera com o sistema de ar-condicionado desligado e com a água condensada escorrendo pela avenida. “A promessa de mais conforto durou pouco. Às vezes é melhor esperar do lado de fora”, diz a vendedora Estefanne Lopes, 33. Quando o resfriamento funciona, a falha é por conta da água que escorre pela via. 
Já no Cais do Apolo, a abertura irregular das portas é uma ameaça constante. “Elas abrem a qualquer momento, basta passar um ônibus. Se a pessoa tiver muito próxima pode até cair”, revela o atendente Douglas Mendes, 21. Nessa mesma estação, que fica em frente à Prefeitura do Recife, parte da marquise foi derrubada por veículos de grande porte.

Sistema
Segundo o Grande Recife, o desligamento do ar-condicionado acompanha o programa de redução de custos do Governo do Estado. Por nota, o órgão justificou que as estações de BRT passaram por reprogramação de horários, funcionando em escalas, “mas sem deixar de prestar o serviço com conforto e segurança”. Sobre os vidros das Estações, o Grande Recife esclareceu que já solicitou a troca dos equipamentos. Contudo, o produto importado, o que requer um tempo maior de entrega. Sobre a retomada das obras do Leste-Oeste, a Secretaria das Cidades esclareceu que está sendo aberta licitação para a contratação de uma empresa que vai realizar um levantamento sobre o que já foi executado nas obras. Só com esses dados é que a pasta vai licitar uma nova empreiteira de engenharia para concluir os trabalhos.

Felipe Ribeiro/Folha de Pernambuco

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