Mateus Araújo
JC Online
Teatro do Parque está fechado há quatro anos
Edmar Melo/JC Imagem
As senhoras e os senhores pomposos do Recife de um século atrás estavam todos ansiosos, dado o deslumbre que marcaria aquela terça-feira, 24 de agosto de 1915. Às vésperas daquela data, como era de se imaginar, o Recife aguardava a abertura oficial e luxuosa do Theatro do Parque, no bairro da Boa Vista, um empreendimento de “1ª ordem”, como elogiava, na época, o jornal A Província. O teatro era a segunda parte do sonhado Parque de Diversões do comendador português Bento Aguiar, que viria a se somar a um hotel já existente no local.
A pé, de maxambombas e bondes, foram todos ver o corte de fita do então novíssimo espaço de cultura e entretenimento daquele Recife de ruas com paralelepípedos. Na noite de estreia, o público assistiu à revista O 31, da companhia portuguesa Theatro Avenida. Palco e jardim de tantas memórias do teatro pernambucano – lugar frequentado por várias classes sociais e heterogêneos públicos – o Parque, no coração pulsante do centro comercial da cidade, deveria hoje estar de portas abertas para celebrar os seus 100 anos, não fossem o descaso e o abandono. Há quatro anos, empoeirado, o teatro do povo está fechado a cadeados.
O Teatro do Parque foi construído com influências do alto padrão da arquitetura do final do século 19, início do século 20. Toda a estrutura de ferro, em estilo art nouveau, veio de navio, da Alemanha para o Recife, num projeto assinado pela empresa Montheath & C.. A obra, que custou cerca de 200 contos, era um prédio coqueluche, e contava, inclusive, com “iluminação elétrica” – como anunciavam em letras de destaque os jornais.