Canabidiol é arma poderosa à luta do pequeno Maycon

Antônio Assis
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Maycon e a mãe Silvia, que comemora a resposta do garoto ao tratamento e aguarda com ansiedade a nova fase da terapia. Foto: Paulo Paiva/DP/ D.A.Press


Há três meses, Maycon Cavalcanti de Alcântara, 5 anos, enfrentava 200 crises convulsivas por mês. Eram, em média, sete todos os dias. Portador de epilepsia refratária de difícil controle, Maycon não aprendeu a andar e também não desenvolveu a fala. Para ele, atividades simples como ficar em pé, pegar um lápis com as mãos ou interagir com seus pais pareciam umsonho distante até o dia 21 de março, quando recebeu do Sistema Único de Saúde (SUS) as primeiras doses do canabidiol (CBD), composto derivado da maconha.

Nos primeiros 30 dias usando o CBD, Maycon – que foi o primeiro pernambucano a receber a medicação do estado - reduziu em 50% o número de crises. Nos 60 dias seguintes, as convulsões praticamente zeraram e ele chegou a ficar 15 dias sem nenhuma crise. O fim dos 90 dias encerra o ciclo inicial do tratamento e, apesar de ainda ser o começo, enchem de esperança quem convive com a criança. "Meu filho vivia sonolento, não tinha ânimo. Hoje coloco ele no balanço e ele se balança sozinho. Isso já é uma vitória", comemora Silvia Cavalcanti, que se diz entusiasmada com a nova terapia.

Com a diminuição do número de crises convulsivas, Maycon já começa a apresentar ganhos, ainda tímidos, no desenvolvimento cognitivo. Para a professora Edivânia Martins, que o acompanha desde o ano passado na Escola Municipal Chico Mendes, em Areias, os primeiros meses de tratamento foram surpreendentes. “Maycon tinha um comportamento estático. Ele não reagia, não conhecia ninguém. Hoje ele reconhece as pessoas, participa das atividades em grupo. Tem momentos que ele não quer fazer tarefa alguma e joga o lápis fora, como qualquer criança dessa idade”, conta. "De março até aqui ele teve uma grande melhora. Se eu deixar ele de costas para os amigos, na cadeira de rodas, ele fica forçando para se virar, querendo conversar com os colegas”, completa Luana Lins, estudante de pedagogia e estagiária que acompanha Maycon diariamente na escola.

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