Pernambuco vive cenário particular no varejo oftalmológico

Antônio Assis
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Luíza Freitas
JC Online

Abióptica, associação da indústria no setor, realizou sua feira anual com expectativa de combater pirataria
Foto: Divulgação

Mesmo responsável pelo faturamento de R$ 23,1 bilhões em 2014, a indústria oftalmológica nacional precisa enfrentar dois grandes obstáculos para alcançar o consumidor final. O primeiro é a pirataria, que vê no mercado onde 85% dos produtos são importados um campo de fácil penetração. Aliado a isso, a pulverização do varejo dificulta a união dos segmentos que trabalham com artigos ópticos. No Recife, esses dois entraves obedecem a um cenário ainda mais particular. Com a predominância de pequenas óticas, grandes redes têm tido dificuldade de conquistar os olhos dos pernambucanos.

“Pernambuco, que já foi o mais evoluído, perdeu muito no segmento de óticas. Era um mercado qualificado, mas acabou nivelando por baixo”, avaliou Bento Alcoforado, presidente da Associação Brasileira da Indústria Óptica (Abióptica), durante a Expo Abióptica 2015, realizada na última semana em São Paulo com seus mais de 100 associados. Ele se refere ao espaço deixado pelo fim de redes como a Clock’s, que acabou não sendo reocupado na mesma proporção por outros grupos. “No Ceará, por exemplo, são três grandes redes que atuam com força no mercado”, diz, sugerindo que a atuação das gigantes do setor traz também a garantia de produtos com mais qualidade.




Mas, se depender da estratégia tanto da indústria quanto do varejo diante do momento de economia difícil, Pernambuco não deve demorar muito a ser dominado por lojas que atuam com mais força em outros estados. Isso porque o Nordeste é a segunda região de maior faturamento no segmento (17,7%), atrás apenas do Sudeste (56,7%). No recorte regional, a liderança fica com a Bahia e o segundo lugar é disputado entre Pernambuco e Ceará. “O perfil do consumidor pernambucano é muito interessante para as grandes redes, já que ele normalmente é mais ligado em moda, comportamento e estilo”, pontua Alcoforado.

Prova disso é o investimento que a indústria baiana Master Glasses faz na região. “Além de fabricarmos marcas como Disney, UFC e Coca-Cola, uma de nossas marcas próprias, a Optimax, tem um design pensado para o Nordeste”, explica Laís Sousa, diretora administrativa da indústria. Especificamente sobre o mercado pernambucano, ela admite que é difícil entregar mesmo os produtos diferenciados. “Já tivemos uma atuação maior no Estado, mas atualmente recorremos a um representante multimarcas para conseguir alcançar o varejo com mais eficiência”, lamenta. 

No cenário nacional, as gigantes Óticas Diniz e Óticas Carol têm o maior número de lojas: 738 e 733, respectivamente. A última pretende expandir de 16 para 25 o número de lojas no Recife ainda este ano. “Prentendemos ser ‘O Boticário’ das óticas. Temos estratégias junto a fornecedores para oferecer boas condições de pagamento aos consumidores e conseguir expandir”, diz Kléber Leal, diretor de expansão da rede.

Numa tentativa de diminuir o lado negativo de um varejo fragmentado, a Abiótica vêm tentando associar, além da indústria, algumas redes. “Isso aumenta a representatividade e traz benefícios e vantagens. Também levamos capacitação e coibimos a compra de produtos pirateados”, defende Cláudia Cunha, consultora de Relações com o Mercado. Isso porque, apenas no ano passado, 7,5 milhões de produtos falsificados foram apreendidos no País.

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