MPPE e Polícia Federal investigam prefeito e secretárias de Glória do Goitá

Antônio Assis
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Sávio Gabriel
Diário de Pernambuco

O prefeito do município de Glória do Goitá, no Agreste, Zenilto Miranda Vieira (PTB), duas ex-secretárias e uma atual titular de uma pasta municipal serão investigados pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento num esquema de corrupção na cidade. De acordo com a denúncia feita pelo  jornalista local Jerônimo Guerra, eles falsificavam notas fiscais de prestação de serviços, desviando recursos públicos. O prefeito ainda será investigado por suposta compra de votos nas eleições do ano passado.

“Ele (o prefeito) fabricava notas fiscais de prestação de serviços junto a algumas empresas, que nem participaram de licitações. Só que o serviço não era prestado”, explicou Guerra. Segundo ele, os recursos eram pagos às prestadoras, que ficavam com um percentual e depois transferiam os valores para contas pertencentes a laranjas. “Muitos deles eram funcionários públicos e cobravam o equivalente a um salário mínimo para devolver o dinheiro à prefeitura”. O dinheiro era devolvido, ainda segundo o jornalista, diretamente a então secretária de Educação, Ivanice Pereira, e à titular da pasta de Administração, conhecida apenas como Simões.


Além de desviarem recursos públicos, os três teriam forjado algumas das notas fiscais. O jornalista diz que, em 2013, a prefeitura teria comprado 180 mil vassouras, sendo 80 mil em fevereiro e o restante em dezembro. “No mesmo ano, a prefeitura comprou 180 mil rodos e 100 mil luvas plásticas para os garis”, detalhou Guerra. Como provas, ele apresentou às autoridades alguns extratos bancários e notas fiscais. Uma delas é de uma locação de veículo para a Secretária de Saúde para transportar pacientes, serviço que nunca foi prestado, segundo Guerra. “O dinheiro foi devolvido para a então secretária de Saúde, Simone Chaves”, acusou o jornalista.


Além da suspeita de esquema de corrupção, há um caso de suposta compra de votos por parte do prefeito para beneficiar os candidatos de sua coligação. Médico por formação, Zenilto Vieira utilizava receituários do hospital público da cidade (com o próprio carimbo de médico) para doar materiais de construção às pessoas, denunciou Guerra. Com o papel em mãos, os cidadãos iam até um armazém da cidade, onde recebiam os materiais. Segundo Guerra, foram desviados R$ 500 mil para custear a manobra política.


Tanto a Polícia Federal quanto o MPPE confirmaram que as denúncias foram protocoladas nos dois órgãos, mas não deram detalhes do teor delas. Publicadas na mídia local desde janeiro, as acusações teriam ocasionado a exoneração de Simone Chaves e Ivanice Pereira. Procurada pelo Diario, Pereira confirmou que pediu para se afastar do cargo, alegando sobrecarga de trabalho. “Isso é politicagem. Eu não tenho nada a ver com esse esquema. Estou muito tranquila”, afirmou. Durante toda a tarde da última quinta-feira (26), o Diario tentou o contato com o prefeito Zenilto Miranda por telefone, mas o celular estava desligado. A reportagem também tentou contactar a ex-secretária Simone Chaves e Simões, mas os celulares também estavam desligados.

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