Catadores terão aulas para aprender a coletar e processar o lixo eletrônico de forma adequada

Antônio Assis
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Para José Cardoso, diretor-presidente da Rede Central de Cooperativas de Reciclagem de Pernambuco, sempre é melhor vender um produto quando se sabe como ele funciona por dentro. Foto: Guilherme Veríssimo/DP/D.A Press

Pedro Maximino
Diario de Pernambuco


No dia a dia do trabalho, os catadores de lixo precisam lidar com um número diverso de produtos. Conhecer a melhor maneira de tratar cada um deles é a solução para tirar mais rendimentos do material coletado. Pensando nisso, o Instituto GEA – Ética e Meio Ambiente criou o Projeto Descarte Legal, que ensina catadores a coletar e processar adequadamente o lixo eletrônico. Depois de passar por São Paulo, Brasília e Salvador, o projeto vai chegar ao Recife no próximo mês.


“Nós profissionalizamos os catadores desde a questão da eletrônica até o descarte final”, conta Ana Maria Luz, presidente do Instituto GEA. A Caixa, que é parceira do instituto na realização do projeto, já doou quase de 13 mil equipamentos eletrônicos, entre gabinetes, monitores, impressoras e periféricos. A separação correta dos resíduos eletrônicos garante aos trabalhadores um aumento de 900% no valor de venda dos produtos. Levando em consideração os equipamentos doados pela Caixa, foi obtido pelos catadores um ganho de R$ 101.649.



Um computador completo, antes da separação, é vendido por aproximadamente R$ 0,30 o quilo. Depois da separação e tratamento devido, o valor passa para cerca de R$ 4 o quilo.  “É uma situação onde todos saem ganhando. Quem se livra do material eletrônico sabe que ele vai ser tratado corretamente, e o catador tem um ganho maior. E ainda tem a questão do meio ambiente, já que o lixo eletrônico não fica exposto nas ruas, enferrujando”, destaca Ana Maria.



Depois da separação e do tratamento devido, valor de um computador passa de R$ 0,30 para R$ 4 o quilo. Foto: Guilherme Veríssimo/DP/D.A Press
Depois da separação e do tratamento devido, valor de um computador passa de R$ 0,30 para R$ 4 o quilo. Foto: Guilherme Veríssimo/DP/D.A Press

A cooperativa recifense que vai receber o curso de profissionalização é a Pró-Recife. As aulas, que vão começar em janeiro, terão a turma composta por 12 alunos catadores da Pró-Recife mais dez ouvintes. “Todos os catadores vão receber refeição, o valor correspondente para transporte e o custo em dinheiro do tempo que vão ficar sem trabalhar”, garante Ana Maria. O curso tem carga horária de 40 horas e vai de 26 a 30 de janeiro.


No Recife, as expectativas pelo curso são positivas. “Essa é uma ideias que temos há bastante tempo”, diz José Cardoso, diretor-presidente da Rede Central de Cooperativas de Reciclagem de Pernambuco. “É sempre melhor comercializar um produto quando sabemos como ele funciona por dentro. Conhecemos o real valor daquilo e podemos cobrar o preço correto.” A vinda do Projeto Descarte Legal à capital é a continuação de um projeto de capacitação que a Pró-Recife já vinha realizando com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).  “Hoje, o computador é um bem descartável. Então é melhor mesmo que mais pessoas consigam aproveitar isso para garantir o seu sustento.”

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