EMPRESAS COBRAM R$ 120 MILHÕES DA PETROBRAS

Antônio Assis
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Pernambuco 247 - A demissão de funcionários de empresas terceirizadas da Petrobras já teria custado cerca de R$ 120 milhões à estatal. O valor remete a passivos trabalhistas questionados judicialmente por trabalhadores e sindicatos pernambucanos e cariocas que acusam a empresa de atrasar repasses. Do total, cerca de R$ 58 milhões são referentes a indenizações envolvendo apenas a Refinaria do Nordeste Abreu e Lima (Rnest), na Região Metropolitana do Recife (RMR), que está sendo alvo de investigações pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga irregularidades em contratos e projetos da Petrobras. De 2012 até 2014, cerca de dez empresas ligadas à Petrobras abandonaram parte dos contratos, demitindo cerca de 11 mil funcionários.
Os R$ 58 milhões que serão destinados à Pernambuco foram definidos após um acordo entre a Petrobras e a Justiça do Trabalho. Dentre as empresas que devem receber dinheiro da estatal, estão a Jaraguá e a Fidens, que demitiram em 2013 cerca de 2,1 mil trabalhadores. As duas companhias também possuem envolvimento com as investigações da Operação Lava Jato devido a suspeitas de negociações com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, detido durante a operação da Polícia Federal.

A dívida da Petrobras e a Jaraguá, com relação aos trabalhadores, chegaria perto de R$ 30 milhões somente em Pernambuco. A empresa também teria abandonado outras construções além da Rnest. De acordo com a estatal brasileira, a Jaraguá já teve seis contratos rescindidos, a partir do entendimento de que a empresa não teria condições de retomar as construções. Juntos, os negócios somavam R$ 2,3 bilhões. Com relação à Fidens, a Petrobras teria uma dívida de R$ 22 milhões.
A Multitek também foi citada. De acordo com a empresa, a Petrobras deve R$ 245 milhões. Somente em agosto do ano passado, a companhia dispensou 1,7 mil funcionários De acordo com todas as empresas, após 2012, o trâmite da empresa ficou mais duro. A época coincide com a data de entrada de Graça Foster como presidente da Petrobras.
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplenagem em Geral no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), os funcionários já estavam sem salário e sem assistência das empresas há mais de 60 dias. Segundo o Sintepav, na falta das empresas, os custos são arcados pelas próprias associações. "A Petrobras parece que não quer mais problemas. Quando bloqueamos o acesso ao Complexo, o prejuízo não fica só neles, mas no porto e no estaleiro", afirmou o diretor do Sintepav-PE, Rogério Rocha, ao Estadão.
Já de acordo com o procurador do Ministério Público do Trabalho de Niterói, Patrick Maia, a responsabilidade pelas dívidas trabalhistas é da Petrobras. "A empresa tem que fiscalizar, e principalmente escolher melhor as empresas, contratar só companhias adequadas. Isso não tem acontecido", afirmou Maia.
Em nota, a empresa afirmou que está em dia com os contratos, e refutou a afirmação de que o processo de análise de pedidos das empresas havia mudado em qualquer instância. "A Petrobras reitera que está em dia com as obrigações contratuais. Eventuais pleitos não representam a existência de dívida por parte da Petrobras", afirmou a estatal.

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