Carol Leão
Folha-PE
A Avenida Conde da Boa Vista mal teve seu sistema BRT implantado e já conta com o seu primeiro acidente fatal. A vítima foi o motociclista Marcelo Lúcio da Silva, de 43 anos, atingido por um vidro quando passava pelo local, na noite do último sábado (7). O enterro aconteceu neste domingo, às 17h, no Cemitério de Santo Amaro, sob a comoção de amigos e parentes indignados com o que provocou a sua morte precoce, na avenida batizada pelos populares como "corredor da morte".

Para os parentes de Marcelo, o acidente foi um assassinato. "Foi uma irresponsabilidade. A pressa para entregar a obra levou a essa tragédia", disse o irmão Marcos Pereira, que pretende colocar o Estado e a empresa resposável pela instalação, a Mendes Jr., na Justiça por danos morais. Eles contam ainda que estavam no local e viram quando os funcionários de uma empresa terceirizada contratada pela Mendes Jr. tentaram fugir, sem prestar atendimento à vítima. No entanto, dois trabalhadores foram autuados por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) mas foram liberados após pagar a fiança de R$ 10 mil. Eles vão responder o crime em liberdade.
Por meio de nota, a Secretaria das Cidades respondeu que já comunicou ao Consórcio Mendes Júnior/Servix, responsável pela obra de construção do corredor Leste/Oeste na Conde da Boa Vista. O advogado da Mendes Jr, Ernesto Cavalcanti, contou que vai instaurar uma comitê para apurar o caso. "Na hora em que mais precisamos, a empresa não deu nenhuma satisfação", lamenta Rivaldo Lúcio, irmão de Marcelo.
No local do acidente, na altura da Rua das Ninfas, é possível verificar que a obra está inconclusa e não foi interditada. Há tapumes de madeira pelo chão e os vidros que devem ser instalados no espaço estão soltos, sem qualquer proteção. Dois seguranças da empresa BBC vigilância, ligada à Mendes Jr,. estavam no local, do outro lado da Avenida Conde da Boa Vista, inspecionando a obra. Eles foram contratados, porém, para fazer a segurança da estação apenas neste domingo.