Cinco anos após sua morte, carreira póstuma de Michael Jackson segue em alta

Antônio Assis
0
Diario de Pernambuco


Tal qual ocorreu durante 45 anos de atividade, a trajetória póstuma de Michael Jackson se mantém intensa; ininterrupta. Marcado pelos lançamentos de dois discos, num intervalo de apenas quatro anos, e pela presença constante nas rádios e nas principais listas dedicadas a hits da música pop, o cantor ainda reverbera como uma das principais referências de seu gênero. O rei do pop insiste em se tornar imortal para milhões de súditos, e para a indústria fonográfica.


Mesmo passados exatos cinco anos desde sua morte, ainda há quem se prenda às palavras “Michael não morreu”. Talvez isso ocorra, em parte, pela produção póstuma, que teve início em 2010, com a distribuição do álbum de inéditas Michael. Apesar de receber algumas críticas negativas quanto à inserção em excesso de efeitos eletrônicos, o disco, prensado com 10 faixas, vendeu milhões de cópias, rendeu prêmios em vários países e recolocou hits de MJ nas listas da revista Billboard.

Segundo a página Statistic Brain, especializada em coletar e analisar informações da imprensa internacional, o cantor vendeu 3,2 milhões de exemplares de Michael, até dezembro de 2013. O mesmo disco surgiu 223 vezes no topo das principais paradas.

Além disso, apenas no primeiro ano desde a morte, 35 milhões de cópias do popstar, incluído todo o acervo, foram comercializadas. Mesmo lançado há pouco mais de um mês, Xscape, segundo álbum póstumo de MJ, produzido com oito faixas inéditas na edição padrão, também tem emplacado hits e acumulado vendas. Inclusive, resenhas da imprensa especializada têm sido mais positivas do que as registradas em Michael. Principalmente pela produção, que contou com uma compilação de nomes consagrados no gênero, como Timbaland e Paul Anka.

Na primeira semana de distribuição, Xscape vendeu 365 mil cópias, tornando-se o álbum mais comercializado daquele período. O single Love never felt so good, que conta com a participação de Justin Timberlake na edição de luxo, rapidamente alcançou o topo das paradas, permaneceu por mais de 20 dias na liderança das músicas mais compradas no iTunes (de 3 a 23 de maio), e figurou na Hot 100 da Billboard em várias ocasiões.




L. A. Reid foi o responsável por reunir o time de produtores que deram vida a Xscape. Logo após o lançamento do álbum, Reid explicou os motivos que o levaram a selecionar oito canções entre centenas não gravadas por MJ, criadas ao longo das últimas três décadas. “Apenas escutei essas canções que Michael cantou por completo várias vezes, isto me guiou. Logo pensei que ali haviam melodias excelentes, que poderiam ser usadas hoje”, revelou.

O produtor musical Rick Bonadio, referência brasileira na área, acredita que os dois discos deixam a desejar pela ausência de Michael na produção dos mesmos. “São bons discos, mas como não temos o MJ para conceber todo o resto que envolve os álbuns fica faltando muito. Não teremos os clipes fantásticos, nem a turnê. Além disso, tenho dúvidas se ele aprovaria esses repertórios”, ressaltou Bonadio.

Ressuscitado
Além da rentabilidade no mercado fonográfico, vários outros aspectos mostram a força de Michael Jackson no universo pop contemporâneo. O Billboard Music Awards de 2014, promovido em maio passado, provou isto. Os produtores do evento o “ressuscitaram” por alguns minutos: trouxeram para o palco um holograma do popstar, que interpretou a canção Slave to the rhythm, presente em Xscape. A projeção emocionou o público.

Semanas após a aparição na premiação, os irmãos de Michael anunciaram que o holograma pode ser usado para uma turnê do Jackson 5, prevista para ter início em 2015, nos Estados Unidos. Jermaine, Jackie, Tito e Marlon devem percorrer 14 cidades norte-americanas ao lado da projeção de MJ.

Memória
Michael Jackson morreu em 25 de junho de 2009, após sofrer uma parada cardíaca, causada pela ingestão excessiva de remédios. O rei do pop passou mal em sua própria casa, em Los Angeles (EUA). A confirmação do falecimento demorou para ser noticiada e o funeral foi marcado somente para 7 de julho daquele ano. O corpo do cantor foi velado no Staples Center, sob a vista de 17,5 mil pessoas – pela televisão, estima-se que mais de 2 bilhões de espectadores acompanharam o evento.

Antes da tragédia, Michael se preparava para promover uma série de 50 shows em Londres, que ocorreriam em julho de 2009, sob o nome de This is it. No mesmo ano, registros de ensaios foram lançados como longa-metragem e receberam o nome da turnê. Nos cinemas brasileiros, o filme foi assistido por 700 mil espectadores. Nos EUA, a produção tornou-se o oitavo documentário mas assistido na história do país.

Imortal
Para Rodrigo Teaser, principal cover de Michael Jackson no Brasil, o sucesso póstumo de MJ mostra uma renovação do público, causada pela estrela do cantor. “Acho impossível alguém tomar o lugar de Michael. Ele foi genial e tem seu nome marcado na história, como teve Elvis Presley, John Lennon e Charles Chaplin, por exemplo. Artistas pop e black que surgiram nos anos 1990 bebem dessa fonte, usam a influência de Michael para tudo”, destacou Teaser.

O intérprete também comentou sobre os dois discos lançados desde a morte do ídolo. “O primeiro, Michael, considero um projeto precipitado. Não houve muito estudo. As escolhas dos produtores foram ruins, as músicas não estão conexas. Já Xscape, considero um projeto preparado, avaliado. Os produtores foram mais coerentes, o que resultou num álbum bem melhor”, destacou o artista cover
.

Postar um comentário

0Comentários
Postar um comentário (0)