Cesar Maia será candidato ao Senado na chapa de Pezão

Antônio Assis
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Sérgio Cabral, então governador do Rio, e Cesar Maia, então prefeito, durante a cerimônia de encerramento dos jogos Pan-americanos no Maracanã, no Rio - Maurício Lima / AFP (29-7-2007)
Paulo Celso Pereira, Cássio Bruno e Letícia Fernandes

O Globo

BRASÍLIA e RIO - O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) vai anunciar nesta segunda-feira que abrirá mão da candidatura ao Senado na chapa do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) ocupá-la, dando caráter formal ao movimento “Aezão“. A informação, antecipada pelo colunista do GLOBO Merval Pereira em seu blog, repercutiu entre os políticos do estado. Em nota oficial, o prefeito do Rio Eduardo Paes chegou a afirmar que, depois da 'suruba' eleitoral - termo utilizadopelo deputado Alfredo Sirkis para definir as alianças no Rio na última semana -, as eleições fluminenses são um "bacanal eleitoral".
A articulação foi selada, na manhã deste domingo, no apartamento de Aécio Neves, em Ipanema, junto com Pezão, Cabral e Cesar Maia, além do presidente estadual do PMDB, Jorge Picciani. Assim, a tendência é que Cabral não dispute qualquer cargo público este ano e assuma formalmente a coordenação da campanha de Pezão.

Pelo acordo, embora Pezão mantenha a posição de pessoalmente pedir votos para a presidente Dilma Rousseff, seu palanque ficará aberto para o presidenciável tucano já que a ampla maioria dos candidatos a deputado estadual e federal que integram sua base estará fazendo campanha nacional para Aécio.
Formalmente, o ex-prefeito Cesar Maia será o candidato majoritário do tucano no estado, mas a expectativa é que a formalização da aliança, que dará quase três minutos de TV a mais para Pezão, faça o "Aezão" se alastrar pelos palanques de deputados no estado. Pelas contas peemedebistas, a chapa de Pezão tem cerca de 1.400 candidatos a deputado federal e estadual que poderiam abraçar a candidatura nacional tucana.
O movimento é uma reação formal à aliança do PT com o PSB no Rio. Cabral e Pezão guardam mágoas do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, outro pré-candidato à Presidência, que durante anos aprovou a presença de seu PSB no governo estadual, mas passou a atacar a dupla no ano passado.
PAES: 'O QUE SE VÊ AGORA É BACANAL ELEITORAL'
Candidato ao governo do Rio pelo PT, o senador Lindbergh Farias, adversário de Pezão, reagiu:
- A eleição caminha para uma polarização entre dois blocos: a chapa Lindbergh e Romário (deputado federal e candidato ao Senado pelo PSB), que simboliza um novo rumo, de mudanças, e a chapa Pezão e Cesar Maia, que simboliza a velha política, o continuismo e o mais do mesmo no Rio.
Romário seguiu o mesmo discurso do petista:
- A chapa Romário e Lindbergh é o novo da política. Quando a gente fala de Cabral, Pezão e Cesar Maia trata-se da política antiga. O povo carioca e fluminense têm a tendência de querer mudanças no estado.
O presidente regional do PPS, deputado estadual Comte Bittencourt, afirmou que fará uma reunião ainda neste domingo com integrantes do partido para avaliar o caso. Mas, segundo ele, a tendência é apoiar Pezão e Cesar Maia.
- É uma informação nova. Vamos avaliar este cenário. O PPS quer derrotar a presidente Dilma Rousseff. No Rio, o movimento do PSB (de apoiar Lindbergh) e a desistência do deputado Miro Teixeira de concorrer ao governo (pelo PROS) nos deixa com pouca alternativas. Eu e o deputado Luiz Paulo Correa da Rocha (presidente regional do PSDB) sempre fomos oposição ao Cabral na Assembleia Legislativa. Estamos numa encruzilhada. Agora, o "Aezão" está fortalecido e abre palanque para o campo de oposição a Dilma e ao PT. Há chances (de apoiar o PMDB). Na verdade, vamos é seguir o PSDB - declarou Comte.
O presidente do PSDB fluminense, deputado Luiz Paulo, afirmou que as conversas dos tucanos com Cesar Maia já aconteciam há muito tempo, e se disse feliz com a notícia:
- A posição do PSDB do Rio sempre sólida nessa questão: aqui faremos o que for melhor para eleger o Aécio presidente da República. Essa conversa com o Cesar Maia já se tinha há muito tempo, fico feliz com a notícia.
No início da noite deste domingo, o prefeito Eduardo Paes divulgou nota à imprensa comentando a nova aliança. Leia a íntegra do texto:
"Desde 2009, as brigas políticas que nada tinham a ver com o interesse do Rio de Janeiro e dos cariocas foram substituídas por uma aliança capaz de trazer muitas conquistas para a cidade. A parceria entre nós, da prefeitura, o presidente Lula e o governador Cabral - e agora a presidenta Dilma e o governador Pezão - tem permitido tirar do papel projetos há décadas prometidos e inviabilizados justamente pelos constantes desentendimentos entre governantes anteriores. O conjunto de avanços que o Rio e a população vêm colhendo nos últimos anos é resultado de uma soma de forças políticas que têm trabalhado de maneira coerente na busca por uma cidade melhor, mais justa e mais integrada. Em função dessa mesma coerência, e para que o Rio de Janeiro não corra o risco de voltar a ser um campo de batalha onde o maior prejudicado é o cidadão, eu continuo defendendo a chapa Dilma, Pezão e Dornelles (referindo-se a Francisco Dorneles, atual senador pelo PP). Depois da suruba, o que se vê agora é o bacanal eleitoral, e o Rio não pode ser vítima dele".
Lindbergh rebateu a nota de Paes:
- A campanha nem começou. É preciso ter bons modos. Não pode haver baixarias.
Em seu blog, o deputado federal Anthony Garotinho, pré-candidato do PR ao governo do Rio, escreveu:
"Pezão vai ficar com um tempo enorme de televisão, muito dinheiro, muito poder. Vai ficar faltando apenas arrumar votos. Essa jogada de Cesar Maia se aliar a Cabral, que combatia até dias atrás, não é mais do que uma tentativa das elites de impedir a volta de um governo popular".

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