Por Anderson Bandeira
Da Folha de Pernambuco
Não é de hoje que os parlamentares da Câmara do Recife criticam o tratamento
do Executivo municipal para com o Legislativo. No entanto, nesta segunda-feira
(26), a provável ausência de sincronismo nessa relação ficou mais latente após
governistas e oposicionistas criticarem no plenário da Casa José Mariano a falta
dos secretários nas audiências públicas que são realizadas com frequência. O
caso veio à tona após o vereador Luiz Eustáquio (PT) revelar que iria cancelar
um encontro para discutir sobre os shoppings populares devido à falta de um
representante do governo para discutir a temática.
A audiência iria ocorrer no próximo dia 29, mas ficou para o dia 9 de junho.
Segundo Eustáquio, o líder do governo, Gilberto Alves (PTN), o secretário de
Governo, Sileno Guedes, e o secretário de Relações Institucionais, Fred
Oliveira, já foram procurados para resolver essa equação, mas o petita disse que
percebe que está faltando participação nas audiências. “Estou adiando para o dia
9 de junho onde espero que um secretário possa estar aqui presente”, disparou o
parlamentar, sublinhando que o governo vem mandando representantes, mas que não
é o suficiente em muitos casos para responder os anseios da sociedade.
O desabafo do petista, que na Casa Legislativa vem adotando uma postura de
independência, reverberou entre os pares gerando revolta. No aparte, a
oposicionista Aline Mariano (PSDB) afirmou ter uma grande preocupação quanto à
situação. Segundo ela, as audiências têm caráter convocatório, mas “tem
secretário municipal que não bota o pé na casa. Mandam representantes”. Nos
bastidores, o nome do auxiliar da gestão Geraldo Julio (PSB), João Braga, foi o
nome mais ventilado.
A tucana avaliou ainda que o petista está sendo muito tolerante com a
situação. “Se acontecesse comigo, eu acionaria a Justiça e pediria o afastamento
do secretário, porque a audiência tem caráter convocatório”, cravou. A vereadora
Michele Collins (PP) endossou as críticas afirmando que desde que assumiu o
mandato fez para mais de dez audiências.
“E até hoje não tive a oportunidade de ver nenhum secretário. Nunca podem”,
alfinetou. Collins também alegou que, além de não aparecerem, muitas das vezes
os secretários mandam representantes que não entendem dos assuntos a serem
tratados. “Mandam pessoas desinformadas que não sabem o que falam. Não falam
coisa com coisa e não trazem nenhum retorno. As audiências parecem que estão
ficando só para inglês ver”, criticou. Ainda no aparte, coube ao líder do
governo, Gilberto Alves (PTN), defender a gestão. Segundo ele, em diversas
reuniões o governo tem participado e sempre estará disponível para escutar e
discutir.