PEC para tentar barrar os "militares candidatos"

Antônio Assis
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Pernambuco 247 - Deputados federais de Pernambuco pretendem apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara, com o objetivo de obrigar os policiais militares e os membros do judiciário a se desincompatibilizarem dos cargos um ano antes das eleições, caso pretendam disputar o pleito. Atualmente, os oficiais que quiserem disputar cargos públicos devem sair dos postos três meses antes de cada eleição. A medida, anunciada pelo deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), acontece após as suspeitas de que as greves de policiais que acontecerem em três estados do Nordeste nos últimos meses tiveram cunho político.

“Estou apresentando essa PEC para que os policiais militares possam, assim como outras categorias do servidorismo público, seguir o que rege a Legislação Eleitoral. A filiação partidária deve ocorrer um ano antes da eleição e não faltando apenas três meses, como ocorre hoje”, afirmou o parlamentar, durante entrevista para a Rádio Folha.

De acordo com as suspeitas, as paralisações que ocorreram na Bahia, no Rio Grande do Norte e em Pernambuco foram realizadas para que os líderes tivessem visibilidade para obter apoio da categoria visando a filiação partidária nas convenções de junho, a fim de se candidatarem a cargos eletivos.
O vereador recifense Marco Aurélio (Solidariedade), fez coro à medida apresentada por Araújo, e afirmou que alguns “falsos líderes” da Polícia Militar de Pernambuco haviam implantado a baderna e a insegurança no Estado de olho nas eleições de outubro. “Tenho o maior respeito pela Polícia Militar de Pernambuco. Infelizmente, alguns PMs se disfarçando como líderes implantaram o caos no nosso Estado. No meu partido, ficarei atento para não permitir a filiação desses maus oficiais”, afirmou o vereador, no Facebook.
Segundo o próprio Bruno Araújo, ele observou que um número de pretensos candidatos à eleição deste ano “funcionaram como interlocutores no processo (de greve), menos para atender os interesses da sociedade e mais para criar um ambiente de disputa política interna dentro da corporação (PM)”, disse o parlamentar ao Blog do Jamildo. Ele afirmou que o PSFB não tem interesse em ter entre os seus quadros ”ninguém que possa ter contribuído com baderna e se utilizado da farda e da instituição da PM para gerar o caos que foi causado à sociedade pernambucana nos últimos dias”.
Em abril, os Policiais Militares baianos realizaram uma greve que durou dois dias. Já no Rio Grande do Norte, o tempo de duração da greve foi ainda menor: cerca de 10 horas. Em Pernambuco, a greve dos policiais foi decretada na noite desta terça-feira (13), e teve fim apenas na noite desta quinta-feira (15). No estado, a suspeita é de que militares de olho nas eleições para a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) tenham politizado a paralisação.
O soldado Joel Maurino, um dos líderes do movimento grevista em Pernambuco, já chegou a disputar eleições mais de uma vez, e não negou que poderia disputar a presidência da Associação de Cabo e Soldados (ACS-PE) nas eleições que serão realizadas no próximo mês. Já a responsável por inflamar os militares durante as negociações da greve teria sido a tenente-coronel Conceição Antero, que é ex-esposa do comandante geral da PM, coronel José Carlos Pereira. 
Conceição foi uma das líderes que se destacaram junto a tropa durante a greve. Ela também foi uma das principais vozes contrárias ao término do movimento após a primeira proposta apresentada pelo Governo de Pernambuco e acordada junto a representantes da categoria, na noite da quarta-feira (14). Os militares acabaram não aceitando a primeira proposta apresentada pelo governo, o que levou o governador João Lyra a pedir o apoio da Força Nacional e do Exército para garantir a segurança da população.

Segundo pessoas ligadas ao movimento, ela teria pretensões de se candidatar a uma vaga na Assembleia Legislativa. O soldado Joel Maurino já disputou cargos eletivos em eleições anteriores. Atualmente ele tem o nome cotado para disputar a presidência da Associação de Cabos e Soldados (ACS).

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