Pernambuco 247 - Deputados federais de Pernambuco pretendem
apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara, com o objetivo
de obrigar os policiais militares e os membros do judiciário a se
desincompatibilizarem dos cargos um ano antes das eleições, caso pretendam
disputar o pleito. Atualmente, os oficiais que quiserem disputar cargos públicos
devem sair dos postos três meses antes de cada eleição. A medida, anunciada pelo
deputado federal Bruno Araújo (PSDB-PE), acontece após as suspeitas de que as
greves de policiais que acontecerem em três estados do Nordeste nos últimos
meses tiveram cunho político.
“Estou apresentando essa PEC para que os policiais militares possam, assim
como outras categorias do servidorismo público, seguir o que rege a Legislação
Eleitoral. A filiação partidária deve ocorrer um ano antes da eleição e não
faltando apenas três meses, como ocorre hoje”, afirmou o parlamentar, durante
entrevista para a Rádio Folha.
De acordo com as suspeitas, as paralisações que ocorreram na Bahia, no Rio
Grande do Norte e em Pernambuco foram realizadas para que os líderes tivessem
visibilidade para obter apoio da categoria visando a filiação partidária nas
convenções de junho, a fim de se candidatarem a cargos eletivos.

Segundo o próprio Bruno Araújo, ele observou que um número de pretensos
candidatos à eleição deste ano “funcionaram como interlocutores no processo (de
greve), menos para atender os interesses da sociedade e mais para criar um
ambiente de disputa política interna dentro da corporação (PM)”, disse o
parlamentar ao Blog do Jamildo. Ele afirmou que o PSFB não tem interesse em ter
entre os seus quadros ”ninguém que possa ter contribuído com baderna e se
utilizado da farda e da instituição da PM para gerar o caos que foi causado à
sociedade pernambucana nos últimos dias”.
Em abril, os Policiais Militares baianos realizaram uma greve que durou dois
dias. Já no Rio Grande do Norte, o tempo de duração da greve foi ainda menor:
cerca de 10 horas. Em Pernambuco, a greve dos policiais foi decretada na noite
desta terça-feira (13), e teve fim apenas na noite desta quinta-feira (15). No
estado, a suspeita é de que militares de olho nas eleições para a Assembleia
Legislativa de Pernambuco (Alepe) tenham politizado a paralisação.
O soldado Joel Maurino, um dos líderes do movimento grevista em Pernambuco,
já chegou a disputar eleições mais de uma vez, e não negou que poderia disputar
a presidência da Associação de Cabo e Soldados (ACS-PE) nas eleições que serão
realizadas no próximo mês. Já a responsável por inflamar os militares durante as
negociações da greve teria sido a tenente-coronel Conceição Antero, que é
ex-esposa do comandante geral da PM, coronel José Carlos Pereira.
Conceição foi uma das líderes que se destacaram junto a tropa durante a
greve. Ela também foi uma das principais vozes contrárias ao término do
movimento após a primeira proposta apresentada pelo Governo de Pernambuco e
acordada junto a representantes da categoria, na noite da quarta-feira (14). Os
militares acabaram não aceitando a primeira proposta apresentada pelo governo, o
que levou o governador João Lyra a pedir o apoio da Força Nacional e do Exército
para garantir a segurança da população.
Segundo pessoas ligadas ao movimento, ela teria pretensões de se candidatar a
uma vaga na Assembleia Legislativa. O soldado Joel Maurino já disputou cargos
eletivos em eleições anteriores. Atualmente ele tem o nome cotado para disputar
a presidência da Associação de Cabos e Soldados (ACS).