GREVE SIM, CHANTAGEM NÃO - CARLOS CHAGAS

Antônio Assis
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A greve é um direito do cidadão. O diabo é que desde a promulgação da Constituição de 1988, nenhum governo cuidou de regulamentar as paralisações no serviço público. Sarney, Color, Itamar, Fernando Henrique, Lula e agora Dilma – ninguém teve coragem de enfrentar a questão. Apenas o Judiciário pronuncia-se, quando provocado, nem de longe solucionando o impasse sobre os espaços do funcionário público nos movimentos grevistas.
É evidente haver exagero e até abuso quando fazem greve determinadas categorias encarregadas de zelar pela lei e pela ordem. Já tem feito greve juízes, policiais civis, policiais militares, policiais federais, bombeiros e outros grupos aos quais cabe exprimir o poder público.
Mesmo assim, haverá que admitir o sufoco que esses funcionários enfrentam para sobreviver.

O óbvio é que existem greves e greves. Se muitas constituem a última esperança de multidões de necessitados e indignados, outras cheiram a chantagem. Parece abominável aproveitar-se da conjuntura e tirar vantagem de determinadas circunstâncias verificadas em momentos excepcionais da vida nacional. É o que vai acontecendo, às vésperas da copa do mundo.
Como se não bastassem as manifestações de protesto contra os abusivos gastos do certame, as ocorridas e as por ocorrer, mais a prevista ação de vândalos e depredadores, registra-se número excepcional de categorias ameaçando entrar em greve, caso não atendidas suas reivindicações. Podem ser até justos os movimentos por melhores salários e condições de trabalho, mas por que logo agora? Claro que para aproveitar-se de um momento em que o governo encontra-se fragilizado diante de eventuais fracassos na realização da copa do mundo. Acontecerá o quê c,aso se verifique o constrangimento a turistas, o mau funcionamento dos serviços de transporte, a violência nas ruas e até a confusão nos estádios.
Quando servidores públicos ameaçam multiplicar essas mazelas, deixando de cumprir suas obrigações, perdem a razão. Em especial quando se verifica a presença dessas motivações em outras greves, dissociadas dos serviços públicos, mas tão importantes quanto, como de rodoviários, professores, enfermeiros, médicos e quantos grupos a mais? Todos pretendendo, pela intimidação, conseguir resultados que não conseguiriam na ausência da realização da copa do mundo.
A Advocacia Geral da União e o Superior Tribunal de Justiça deram passo importante, aquela ao pleitear, esta sentenciar que a Polícia Federal fica proibida de fazer greve. A dúvida é se conseguirão estender a proibição a outras categorias do serviço público. E se vai dar certo.

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