Veja
Daniel Haidar, do Rio de Janeiro
O doleiro Alberto Youssef (Folhapress)
Fundos de previdência de servidores públicos devem zelar pela segurança do
investimento dos funcionários, considerando também as melhores condições de
rentabilidade. Mas quando essas entidades são loteadas por indicados políticos
em administrações municipais e estaduais, nem sempre o servidor fica em primeiro
lugar, como mostra o passado recente de captação de recursos da Marsans Brasil.
Apesar das graves dificuldades financeiras que a empresa enfrenta, pelo menos
sete fundos de previdência de funcionários públicos injetaram dinheiro de
aposentados na agência de viagens. A operadora de turismo foi fundada em 1973 no
país e é controlada pelo doleiro Alberto Youssef desde meados de 2010. Desde
março, Youssef passou a ser conhecido também como um dos pivôs do esquema de
lavagem de 10 bilhões de reais, investigado pela Polícia Federal na operação
Lava-Jato.
Documentos obtidos pelo site de VEJA revelam agora que entre 2012 e 2013 – ou
seja, sob o controle de Youssef – a Marsans Brasil conseguiu angariar cerca de
23 milhões de reais de fundos de previdência dedicados a garantir pensões de
servidores aposentados. Só o Instituto de Gestão Previdenciária do estado do
Tocantins aplicou 12 milhões de reais na empreitada. Também tornaram-se
investidores na empresa do doleiro os fundos municipais de previdência de Cuiabá
(MT), que desembolsou 3,4 milhões de reais; e Paranaguá (PR), que gastou 2
milhões de reais. No Nordeste, o fundo de Amontada (CE) gastou cerca de 1,6
milhão de reais e o de Petrolina (PE) desembolsou 980.000 reais. Hortolândia e
Holambra, duas cidades do interior paulista, aplicaram respectivamente 1,5
milhão de reais e 980.000 reais para virar sócias de Youssef.
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