UM DESESPERADO POEMA DE AMOR DE MANUEL BANDEIRA

Antônio Assis
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Tribuna na Internet

O crítico literário e de arte, professor de literatura, tradutor e poeta Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1866-1968), conhecido como Manuel Bandeira, no poema “Boda Espiritual”, mostra toda a intensidade do amor verdadeiro
BODA ESPIRITUAL
Manuel Bandeira

Tu não estás comigo em momentos escassos:
No pensamento meu, amor, tu vives nua
- Toda nua, pudica e bela, nos meus braços.

O teu ombro no meu, ávido, se insinua.
Pende a tua cabeça. Eu amacio-a…afago-a
Ah, como a minha mão treme…Como ela é tua…

Põe no teu rosto o gozo uma expressão de mágoa.
O teu corpo crispado alucina. De escorço
O vejo estremecer como uma sombra nágua.

Gemes quase a chorar. Súplicas com esforço.
E para amortecer teu ardente desejo
Estendo longamente a mão pelo teu dorso…

Tua boca sem voz implora em um arquejo.
Eu te estreito cada vez mais, e espio absorto
A maravilha astral dessa nudez sem pejo…

E te amo como se ama um passarinho morto.
     (Colaboração enviada por Paulo Peres – Site Poemas & Canções)

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